Quinta-feira da X Semana do Tempo Comum
Evangelho – Mateus 5,20-26

Pedir e dar o Perdão!

“Quando tu estiveres levando a tua oferta para o altar, e ali te lembrares que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa a tua oferta ali diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão!” (Mt 5, 23-24).

Já ouvimos de um ditado popular que “Quem apanha nunca se esquece!, seja a nível consciente ou inconsciente existem registros que nos acompanham sempre. A memória guarda sempre os acontecimentos, gerando ações e reações da mais variadas atitudes. Diante da dor causada pela violência, ofensa, injustiça, traição e outras situações, somos por Deus convidados a experiência libertadora e curativa do Perdão. Perdoar, pedir e aceitar o perdão sempre faz bem. Pode até ser difícil dependendo da situação que gerou atritos, rupturas, abandono, ferida, mas é sempre o melhor caminho.

O perdão é uma decisão, gesto de amor, requer tempo, ajuda humana e divina. Não escolher o perdão pode gerar consequências graves em nosso ser como o ressentimento, raiva, ódio, desejo de vingança. Daí se compreende a expressão: “Ferimos por que somos feridos!”. Estas são reações naturais e primitivas diante das injustiças sofridas, embora a compaixão nasça também neste contexto como caminho de superação, sem excluir a dimensão da justiça. Esta energia negativa torna-nos pessoas duras, amargas, depressivas, pessimistas, angustiadas. A falta de perdão adoece o nosso ser, seja no âmbito físico, espiritual e emocional.

Um filósofo antigo chamado Aristóteles dizia: “O agir segue o ser”. Jesus nos lembra, hoje, no evangelho, de que junto com a oferta que se apresenta a Deus, deve ir também o nosso coração reconciliado, curado e pacificado pelo perdão. Exige para que possamos ir ao irmão ou irmã a quem ofendemos ou fomos ofendidos, para pedir e dar o perdão. Isso requer humildade, coragem e a graça de Deus. Assim podemos examinar a nossa vida e nos perguntar: Onde estão e quem são as pessoas a quem precisamos ir para pedir e dar o perdão? Fiel ao ensinamento e à prática de Jesus, a Igreja vai ao encontro de seus filhos, para nutri-los e alimentá-los com a graça do Sacramento da Reconciliação, pela confissão com frequência. Ensina que o perdão é a via da humanização e da santificação. Ouvi de um bispo certa vez: “Quanto mais misericordioso fores, mais humanos serás!”.

Perdoar é difícil porque a tendência é prevalecer na autoafirmação, no egoísmo e no individualismo, ao passo que o perdão supõe e exige espiritualidade, maturidade e fraternidade. Nessa perspectiva, a Bíblia presta-se como um catálogo de bons exemplos para o perdão: Davi é um exemplo vivo de quem pede perdão, como o vemos na oração dos salmos 31 (32) e 50 (51); José, do Egito, é um exemplo tocante de quem concede perdão (cf. Gn 42, 1-24); Jesus é o modelo de perdão, no momento crucial de sua vida, ao pedir ao Pai por seus algozes: ‘Pai, perdoa-lhes: não sabem o que fazem’ (Lc 23,34); Estevão, o primeiro mártir da Igreja, nos instantes finais de seu apedrejamento, rezou: “Senhor, não leves em conta este pecado” (At 7,60). Na história da Igreja, são muitos os santos e santas que encarnam o perdão como experiência de comunhão com Deus e com o próximo.

Que Deus nos ajude a pedir perdão a quem ofendemos, e a dar de coração o perdão a quem nos ofendeu!

Prossigamos… Vida que segue!

Pe. Pedro Nogueira da Silva Filho
Pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima
Água Fria de Goiás


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