Sexta-feira da II Semana do Advento
Evangelho – Mateus 11,16-19

O segundo e terceiro beijo de Jesus Cristo

“A sabedoria foi reconhecida com base em suas obras” (Mt 11,16-19).

A intimidade é manifestada por diferentes meios, dentre eles, o beijo. Um rio de confiança é o beijo dado por Jesus Cristo ao mundo com seu nascimento. Nada foi capaz de impedir este beijo, nem mesmo Herodes com sua astúcia mundana, pois “a sabedoria foi reconhecida com base em suas obras” (Mt 11,16-19). O beijo de Jesus ao mundo foi para que a humanidade superasse a morte. Morte esta de Jesus que se deu com o beijo. Um beijo sem a sabedoria divina, apenas de traição: o beijo de Judas.

O Beijo de Judas, o primeiro beijo, todavia, foi, de acordo como os evangelhos sinóticos, a forma que Judas Iscariotes identificou Jesus aos soldados Romanos que vieram prendê-lo. Foi uma forma de identificar quem era Jesus Cristo. Este evento do beijo traidor, “principalmente na arte cristã, passou a significar a traição a Jesus, que ocorreu no Getsêmani após a última ceia e que levará diretamente à prisão de Jesus pela força policial do sinédrio. Na teologia cristã, os eventos iniciados na última ceia até a ressurreição de Jesus são conhecidos como Paixão. O beijo está relatado em Mateus 26,47-50, Marcos 14,43-45 e Lucas 22,47-48” (Wikipedia).

Recordo um beijo, com vocês. Não apenas um beijo, antes: o segundo beijo. O segundo beijo de Jesus Cristo, pois 9 meses depois de eu beijar semanalmente a Jesus, ele foi, por outrem, beijado.

Vejamos, por exemplo, como nossa sabedoria humana também nos ensina. Na sacristia da Paróquia Santa Luzia em Formosa-GO, em nossa Diocese, sempre que eu terminava a Santa Missa e seguia, com a procissão, para a Sacristia, ao terminar rendemos graças dizendo: “Bendigamos ao Senhor!”. Todos respondiam: “Demos graças a Deus”. Em seguida eu sempre me dirigia ao Crucifixo e dava um beijo nas chagas de Jesus. Isso se repetiu tantas quantos foram as Santas Missas.

Cada mês que fui beijando o crucifixo da Sacristia eu estava ensinando amar o sagrado. Depois de tantas vezes beijar as marcas das chagas do crucifixo, um dia percebi que lá se encontrava a marca de um beijo com batom. Era o terceiro beijo, o qual me ensina a crer nesta sabedoria depois de ser provados através desta obra. Aliás, marcou-lhe visivelmente! Nisso pensei nos quantos devem ser os beijos ali deixados sem nenhuma marca existir. Também fico aqui pensando que até num beijo se ensina as pessoas o valor do amor.

Assim, durante uns 9 meses fui beijando o sagrado naquela comunidade paroquial com meu serviço de evangelização. Tivemos dentro de quase todas as casas fazendo missão intitulada: “Igreja de porta em porta”, visitei com meu beijo de serviço todas as capelas deixando as marcas do sagrado e permitindo-as que tivessem a animação do trabalho ao sagrado deixando todas as festas dos padroeiros organizadas para o próximo ano. A Igreja Matriz foi beijada com o planejamento paroquial, a eleição dos festeiros e a organização dos prêmios para da Festa Patronal.

Se não consegui fazer muito foi porque não encontrei paroquianos dispostos para beijar a realidade de fé que nos apresentava. Porém, nestes quase 9 meses gestacionais deixo encaminhado o mais importante de todos os beijos na vida de um cristão: o beijo da fé. Não tem maior sabedoria do que esta de se confiar em Deus!

Jesus que beija o mundo mostrando sua intimidade não com o que é do mundo senão que com aquela intimidade que vai para além mundo. O beijo de Jesus de intimidade com os seus filhos se dá numa entrega de si ao perdão. Perdoa infinitamente. Não é, portanto, um beijo de traição, mas sim de identificação, não de identificação para o mal, antes é para mostrar ao mundo seu grande amor por cada um dos seus filhos que estão peregrinando nesta “penumbra da vida”. Seu beijo nos ensina, portanto, a amar a sabedoria divina. Também nós com nossos atos ensinamos o amor. Um amor de identificação intimista, sem traição.

Pe. Joacir S. d’Abadia
Pároco da Paróquia São José e Adm. da Paróquia Santa Luzia
Formosa-GO