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quinta-feira, 18 abril, 2024 - 20:02 PM

VII Domingo do Tempo Comum

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Santos são aqueles que se deixam vencer pelo amor

A liturgia de hoje indica que há uma profunda ligação entre santidade e amor. Deus é santo, “O Senhor vosso Deus, sou santo” (Lv 19, 16). “Porque Deus é Amor” (I Jo 4, 8). Deus é santo porque é amor. De modo que santos são aqueles que amam a Deus sobre todas as coisas e o seu próximo como a si mesmos. Aqueles que, com o mesmo fervor com o qual adoram a Deus, fogem da violência, da vingança, da murmuração, da maledicência, do ódio, corrige fraternamente o seu irmão, vigia sobre si mesmo.

A santidade é um atributo próprio de Deus que se estende a tudo e àqueles que Lhe pertencem. Assim, ser santo é participar da vida de Deus e sua vida é amor, porque Deus é comunhão. De modo que o caminho da santidade passa pelo caminho do amor. Não é santo aquele que somente vive em comunhão com Deus, isto seria espiritualismo. Como também não está num caminho de santidade aquele que somente está em comunhão com os homens, isto seria o horizontalismo materialista. A via da santidade exige a comunhão com Deus e com os homens.

Ser santo como afirma a Lumen Gentium é uma vocação universal: “É assim evidente que todos os fiéis cristãos de qualquer estado ou ordem são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade” (n. 40). Ou seja, todos os discípulos de Jesus são chamados à santidade, esta é a sua vocação primeira. Como nos exorta a palavra: “Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo” (Lv 19, 16); ou ainda: “Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5, 48).

O dever da santidade para os fiéis deriva da sua pertença e participação na vida de Deus que é Santo, que é amor. A santidade é a proposta, a vocação primeira, a graça e o amor são os meios para alcança-la. Como afirma São João: “Deus é amor: aquele que permanece no amor permanece em Deus e Deus permanece nele” (IJo 4, 16).

Para que o amor de Deus possa permanecer em nós, tornando-nos capazes de amar até mesmo os inimigos e assim progredir em santidade, precisamos: “ouvir a palavra de Deus e, com o auxílio de Sua graça, cumprir por obras Sua vontade, participar frequentemente dos sacramentos, sobretudo da Eucaristia, e das sagradas ações, aplicar-se constantemente à oração, à abnegação de si mesmo, ao serviço fraterno atuante e ao exercício de todas as virtudes” (LG 42).

Como se pode ver a santidade passa pelo caminho do amor a Deus e ao próximo. O discípulo é aquele que ama a Deus e ama também o seu próximo. Está no caminho da santidade não aquele que ama os que o amam, mas aquele que ama a todos que são amados por Deus. Inclusive os inimigos: “Eu porém, vos digo, amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem! Assim vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus…” (Mt 5, 44-45).

Diante de uma experiência de inimizade, de ofensa, de perseguição, de injustiça, de traição, de violência, somos esposos à tentação do ódio, da vingança e do mal, da violência. Aqui vale o conselho de São Paulo: “Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem” (Rm 12, 21). Somente o amor e o bem podem vencer o mal. Enfrentar o mal com mal seria dispor-se a causar um mal sempre maior do que aquele que foi sofrido.

Por fim, santos são aqueles que, nas situações mais difíceis e dramáticas da vida, não se deixaram dominar pelo desejo de vingança, não se deixaram vencer pelo mal. Antes, são aqueles que se deixaram vencer pelo amor. À exemplo de Jesus Cristo que não foi vencido pela cruz, o Senhor foi vencido pelo amor, por sua obediência e senso de pertença ao Pai. Ele foi quem venceu a cruz. Por nós mesmos não temos condições de vencer o mal, mas enraizados em Deus, sustentados por sua graça tornamo-nos vencedores do mal pelo bem. Santos são aqueles que se deixam vencer pelo amor, porque sabem que só o amor permanece para sempre. São aqueles que não permitem que o mal praticado pelos outros lhe impeça de amar e de fazer o bem.

Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF


Leituras: Lv 19,1-2.17-18 / Sl 102 (103) / ICor 3,16-23
Evangelho: Mt 5,38-48

Reginaldo Mendonça
Reginaldo Mendonçahttps://diocesedeformosa.com.br/
Criada em 16 de outubro de 1979, é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica no Brasil, sufragânea da Arquidiocese de Brasília. Pertence à província eclesiástica de Brasília e ao Regional Centro-Oeste da CNBB.

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