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quarta-feira, 24 abril, 2024 - 08:25 AM

XIX Domingo do Tempo Comum

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“Felizes os empregados que o senhor encontrar acordados quando chegar” (Hb 11, 37)

Caríssimos irmãos e irmãs, entre tantos tesouros que Deus nos confiou, está o dom da fé, que nos permite entrar em comunhão com Deus, com sua vontade. Dom este que Deus nos comunica através da sua Igreja. De modo que não pode existir autêntica experiência de fé sem pertença à Igreja. Porque a Igreja é a guardiã da fé, é ela que, com sua pregação, suscita, nutre e sustenta nossa resposta ao chamado de Deus. Mas o que significa crer?

Na segunda leitura encontramos algumas respostas muito esclarecedoras. Primeiro crer é tomar posse: “A fé é um modo de já possuir o que ainda se espera” (Hb 11, 1). Noutras palavras, ter fé é tomar posse das promessas de Deus. Que geram em nós uma obra de libertação. Porque quem tomou posse das promessas de Deus não se deixa enganar pelas promessas de felicidade e de alegria passageiras que o mundo oferece. Crer portanto, nos liberta da escravidão do mundo e das falsas promessas de felicidade.

Crer é ainda esperar em Deus. Para quem tem fé esperar não significa ficar parado, de braços cruzados diante da vida, sobre o pretexto que está esperando a realização das coisas do céu. Esperar para o homem de fé é testemunhar com a vida, já agora, a presença Daquele e daquilo que se espera – Jesus Cristo e seu reino. Na medida em que espera a vinda gloriosa do Senhor, o cristão empenha-se com toda sua vida para transformar o mundo à luz do amor de Deus.

Esperar requer prudência, requer vigilância, como nos exorta o evangelho: “Que vossos rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas” (Lc 12, 35). A prontidão e a vigilância são necessárias para que a vinda do Senhor não nos alcance de improviso. Onde a lâmpada da fé está acessa não se teme, antes se espera ardentemente a vida gloriosa do Senhor. É isto que suplicamos a Deus cada vez que rezamos o Pai-Nosso: “Venha a nós o vosso reino”, o Credo: “de onde há de vir para julgar os vivos e os mortos” ou ainda quando celebramos a Eucaristia: “Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!”.

Estas orações, nas quais clamamos a vinda do Senhor, o maranathá, revelam que a fé é acolhida e desejo. Acolhida de Jesus Cristo e seu evangelho na vida presente, e o desejo da sua vinda gloriosa e da vida futura. A acolhida exige a graça do testemunho em vista da transformação do mundo presente. O desejo mantém no coração o ardor, a gana pela glória dos céus. Viver assim, é acolher a exortação do evangelho: “Sede como homens que estão esperando seu senhor voltar…” (Lc 12, 36).

Crer é ainda obedecer: “Foi pela fé que Abraão obedeceu à ordem de partir para uma terra que devia receber como herança, e partiu, sem saber para onde ia” (Hb 11, 8). A promessa projeta-se para uma realização futura, mas suscita no coração do crente uma obediência já agora. Uma obediência que transforma a vida presente do crê na realização da promessa. Como o pai que promete ao filho uma viagem de férias ao final do ano letivo, mas exige que este já agora mude o seu comportamento escolar. O filho muda na vida presente na expectativa do cumprimento da promessa futura.

A fé, como obediência, se caracteriza por inteira disponibilidade do crente à ação salvífica de Deus. Crer é obedecer a Deus, e obedecê-Lo é fazer-se totalmente disponível a Ele, de forma muita concreta. Fazer-se disponível a Deus passa pelo comprometimento com a missão evangelizadora da Igreja, na paróquia a qual pertencemos, no comprometimento apostólico. Disponível a Deus é a aquele que serve, que não se contenta apenas em receber as graças de Deus, mas que trabalha para que outros também possam ser alcançados por ela.

Assim, a fé tem um papel performativo, tem uma capacidade de transformar já agora a nossa vida, para ordená-la segundo Deus, na expectativa da vida futura. Fé é, portanto, antecipação que nos ajuda a viver neste mundo como se já fossemos cidadãos do céu, que vive no tempo como se já estivesse na eternidade.

Por fim, ter fé é permanecer acordado, com os rins cingidos e as lâmpadas acessas, em meio a este mundo tenebroso, esperando nosso Senhor voltar. Procurando mais amar do que ser amado. Crer é ser feliz: “Felizes os empregados que o senhor encontrar acordados quando chegar” (Hb 11, 37). O mundo cochila na incredulidade e na indiferença, mantenhamo-nos acordados com a lâmpada da nossa fé acesa, como nos exorta São Pedro (cf. IPd 5, 8-9).

Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF

Reginaldo Mendonça
Reginaldo Mendonçahttps://diocesedeformosa.com.br/
Criada em 16 de outubro de 1979, é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Católica no Brasil, sufragânea da Arquidiocese de Brasília. Pertence à província eclesiástica de Brasília e ao Regional Centro-Oeste da CNBB.

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