A primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses termina com uma série de exortações e conselhos que o Apóstolo dos Gentios dá àquela comunidade por ele fundada, para que persevere no seu ensinamento. Paulo evoca a fidelidade de Deus para com aquele povo que, através do testemunho cristão, procurava viver as palavras de Cristo, que conheceram pela pregação apostólica.
Na nossa vida, muitas vezes somos exortados para permanecemos nos ensinamentos do Senhor, que às vezes parece se esconder ou até mesmo se afastar de nós. Corremos o risco de perdermos de vista quem nos chama e o motivo pelo qual fomos chamados. Quem nos chamou? Fomos chamados, escolhidos, amados pelo próprio Cristo: “Não fostes vós que me escolhestes; eu vos escolhi” (Jo 15, 16). Deus sempre chega primeiro. Quando decidimos amar a Deus, descobrimos que já éramos amados por Ele. Quando escolhemos o Senhor, somos constrangidos ao saber que Ele nos elegeu por primeiro. Deus sempre se adianta em nos amar. O amor é a escolha de Deus por nós, manifestada pela entrega do seu próprio Filho. Só nos resta amá-lo, estar com Ele, sermos seus amigos.
Para quê fomos chamados? Cristo nos responde: “Vos destinei a ir e a dar fruto, um fruto que permaneça” (Idem). Quem ama e descobre que é amado, não se contenta em aproveitar-se sozinho desse amor. Um amor que prende e que não se expande não é verdadeiro. Um escolhido por Cristo sempre vai, não fica parado, não guarda esse amor pra si, mas quer espalhá-lo ao mundo. Ir é a característica do discípulo que aprende do Mestre e quer transmitir o que aprendeu. Uma vocação que se fecha em si mesma não serve para nada. Vocação é sempre abertura, amor que se expande.
Além de ir, de levar Cristo para os outros, somos também escolhidos para darmos frutos. Engana-se quem pensa, por exemplo, o fato de o padre não se casar faz com que a vocação sacerdotal seja infértil e infrutífera. Um bom sacerdote é também pai. Pai de uma família que lhe foi confiada pelo próprio Cristo, um rebanho que lhe é entregue para ser guardado com carinho e cuidado paternal. Quanto mais amor, mais frutos, e frutos que permanecem. Foi esse mesmo amor que São Paulo deixou plantado à comunidade tessalonicense, que deu frutos de fidelidade a Deus e de testemunho de Fé.
Aquele que vos chamou é fiel! Cristo não decepciona, não nos abandona, não tarda em cumprir o que diz. Mesmo que pareça estar longe, nos acompanha sempre. Por isso, deve ser o centro de qualquer vocação. Que Ele seja nosso motivo de agir, nossa maior alegria, nossa razão de continuarmos perseverantes no chamado. A Fidelidade de Deus não passa, mesmo quando somos infiéis a Ele. Ele nos escolheu e nos quer fazer frutificar. Para que isso aconteça, basta que O tenhamos como centro de nossas vidas.
Sem. Ozias Xavier