O tempo litúrgico do Advento nos conduziu a uma preparação especial para a chegada do Menino Jesus. Se bem o vivenciamos, encontramo-nos com Maria e José e experimentamos com eles a graça de adorá-Lo ainda na manjedoura. Pudemos com os Reis Magos oferecer os presentes mais preciosos que o nosso coração poderia compartilhar. Pela fé, vimos o nosso irmãozinho que acabara de chegar e sentimo-nos impelidos a ajudar os amados “pais de primeira viagem” a cuidarem do pequeno. Tudo foi festa, uma novidade renovada naquela noite. As estrelas brilharam diferente! Passada a euforia de ter em casa um recém-nascido e toda a alegria que a sua chegada traz, fomos convidados a olhar para a nossa caminhada existencial e aprender, acompanhando os seus pais, a encontrar nas adversidades que viriam, as motivações necessárias para se cumprir a Vontade de Deus.
Ainda nesse tempo de graça, somos presenteados com a possibilidade de adentrar o Templo e participar da apresentação do Menino, cumprindo os preceitos da Lei. O encontro com Simeão agora será um marco na Sua e nas nossas vidas. Ele toma a criança nos braços e louva a Deus por ter sido contemplado com tamanha consolação em ver o Salvador. A partir deste gesto uma pergunta não se cala: Simbolicamente Ele também está em meus braços. E agora, o que fazer com esse Menino? Preparei a Sua chegada, renasci com Ele, ofereci-Lhe presentes e acompanhei os seus pais na apresentação. Mas o gesto de Simeão mexeu profundamente comigo porque eu era até então espectador e a partir de agora viro protagonista. Protagonista de uma história de amor!
Olho para aquele Menino nos braços de Simeão e penso na minha história com Ele. Revivo cenas reais que me questionam com aquele gesto. Um nenê em meus braços me levará a tomar atitudes de cuidado para que ele sobreviva e cresça. É nesse momento, vendo o velho Simeão elevar a Deus a sua prece, que elevo também aquela que marcará o meu caminho: Agora, Soberano Senhor, prepara a tua serva para encontrar todas as condições necessárias para fazê-Lo crescer!
A minha euforia com tudo o que foi vivido traduz-se neste instante na responsabilidade com tudo o que virá. Peço a Simeão que coloque o Menino em meus braços e vou caminhando em direção à porta principal. Entendo que devo fazê-Lo crescer em outro templo: o do meu coração. Aquele que sai dali tão pequeno, em meus braços, só poderá Se tornar grande se eu Lhe oferecer condições para que Ele nunca fique infantilizado em minha história. Aquele que sai dali pequeno olha nos meus olhos e deseja um dia viver o processo inverso: carregar-me também.
Maria e José olham aquela cena. Abençoam-me. Intercedem para que eu agora reescreva a minha história. São sabedores de que nunca mais serei a mesma. Mas guardam tudo em seu coração. O Espírito Santo, presente naquele momento, me impele a olhar para os dois e lhes dizer antes de sair, como São João: A partir de agora, “é necessário que Ele cresça e eu diminua”!
Por Kelly Karine Batista Bellei