Caríssimo (a) irmão (ã),
Estamos no mês de agosto, tempo que celebramos o dia do padre, dos pais, religiosos (as) e leigos. Mas acredito que, ao mesmo tempo em que decidimos por alguma vocação, temos que nos decidir também em amar a vida.
Diante de tanta tecnologia a serviço da vida, da evolução da medicina, da indústria farmacêutica, dos transportes e meios de comunicação que facilitam e proporcionam mais qualidade e longevidade à raça humana, temos pessoas que escolhem a morte com as próprias mãos, buscando drogas, tráfico, corrupção e etc. Diante de tantas opções e caminhos para viver feliz, a pessoa escolhe a anti-vida, um caminho de morte.
E onde está a nossa felicidade, já que todos somos chamados a ela? Santa Bakhita, uma mulher que foi vendida como escrava no Sudão, depois de passar por tantas tribulações, entrou em um convento e se tornou religiosa. E estando na portaria do convento, chegou um bispo e lhe perguntou: “- E a senhora irmã, o que faz aqui?” Ao que ela respondeu: “- O mesmo que vossa excelência”. O bispo, intrigado, perguntou; “- O mesmo que eu?”. A religiosa respondeu: “- Sim, o mesmo que vós: cumprindo a vontade de Deus.” Não importa onde estejamos, aí mesmo, nesse lugar concreto, Deus pede que façamos a sua vontade com uma confiança total n’Ele. Nisto está a garantia de encontrar a felicidade em qualquer vocação.
Não se vive bem a vocação amando a Deus e desprezando o próximo; nem amando o próximo e fazendo o mal a si mesmo. A vivência plena da vocação está em saber amar a Deus, amar ao próximo e amar a si mesmo.
Blaise Pascal, que foi um físico, matemático, filósofo moralista e teólogo francês do século XVI, que escreveu aquele famoso verso: “ O coração tem razões que a própria razão desconhece”, caiu doente e na doença, de cama, rezou pedindo a Deus que se Ele o curasse, ele se doaria mais aos irmãos, que serviria melhor ao próximo, que procuraria ser um melhor cristão. Mas, morreu ali mesmo, aos seus 39 anos de idade.
Mas você, querido filho (a), você não morreu. Está vivo. Não precisa esperar cair doente ou em desgraça para elevar a Deus uma prece pedindo uma outra chance. A sua chance é agora, de se decidir por Deus, amar a vida, para amar a sua vocação e ser feliz.
Quero ainda parabenizar a você pai, que dia-a-dia aprende melhor essa sublime e desafiadora missão. Quero lembra-lo que você não está sozinho, nunca. Pois, além de Deus que é Pai e presença constante, você tem a nós, vocacionados à vida religiosa da Igreja Católica, para que a sua vida e a vida da sua família seja uma igreja doméstica onde se respeita, ama e cuida da vida, desde a sua concepção até ao seu declínio natural.
Parabéns e Deus os abençoe.
Por Pe Dilmo Franco de Campos, pároco da Catedral Imaculada Conceição em Formosa – GO