Famílias numerosas são cada vez mais raras. Sabemos que na sociedade em que vivemos, marcada pelo individualismo e por uma crescente aversão à vida humana, ter muitos filhos é considerado por muitos como loucura ou “coisa do passado”.
O Catecismo da Igreja Católica afirma que “a Sagrada Escritura e a prática Tradicional da Igreja veem nas famílias numerosas um sinal da bênção divina e da generosidade dos pais” (n. 2373). Os filhos devem ser vistos como bênçãos e não como fonte de gastos, preocupações e desilusões. Abrir-se a esse dom de Deus que é a paternidade e a maternidade, nos dias de hoje, é um sinal de confiança em Deus e de grande aposta de Fé.
Exemplo disso é a espanhola Rosa Pich e seu marido Chema Postigo, pais de 18 filhos. Apesar de três de seus filhos terem morrido de doenças cardíacas, eles afirmam que “o melhor que podemos dar aos nossos filhos são irmãos”. Contando a dura experiência da perda de dois filhos em menos de quatro meses – Javi, com um ano e meio e Montse, aos dez dias de nascido -, Rosa diz que as pessoas lhe perguntavam: Rosa, por que não se atirou da janela? Ela conta que se não tivesse a Fé, certamente ela teria cometido suicídio, mas graças a Deus, ela a tem.
O Papa Francisco, na encíclica Porta Fidei, sobre a fé, afirmou que “é importante que os pais cultivem práticas de fé comuns na família, que acompanhem o amadurecimento da fé dos filhos” (n.53). A Fé é a maior herança que os pais podem deixar para os filhos. Nenhum bem material, nenhum estudo, por mais importantes que sejam, substituirão o imenso tesouro que a Fé Católica transmitida pelos pais aos filhos proporcionarão a eles. Hoje, fala-se muito de deixar que a criança cresça para que escolha que religião professar, deixando de lado o Batismo para que ela escolha ou não recebê-lo na idade adulta. Ora, tal atitude é totalmente infundada, pois, podemos compará-la a outras atitudes dos pais para com os filhos, nas quais as crianças não são perguntadas, por exemplo, se querem tomar esta injeção ou aquele remédio. Os pais obrigam-na, pois veem na injeção ou no remédio a cura da doença, o bem do filho. Assim, a Fé Católica, recebida no Batismo não deve ser vista como uma imposição, mas como fonte de alegria pelo encontro com Jesus Cristo, onde a criança passa ser uma nova criatura, templo do Espírito Santo e filha de Deus. Ela não se torna prisioneira de uma moral opressora, como se afirma por aí, mas liberta do pecado e cidadã do Céu.
Enfim, sejamos, como católicos, “sinais de contradição” no mundo. Não podemos compartilhar de muitas ideias totalmente contra a vida e a favor do egoísmo. Incentivemos as pessoas a descobrirem o valor e a dignidade humana, para que as famílias estejam abertas a esse dom que são os filhos. Dificuldades, certamente terão, mas Deus, com certeza as acompanhará, como acompanhou e acompanha com seu amor providente Rosa e Chema e outros tantos casais que, rompendo com o egoísmo e o amor próprio, entregam-se e doam-se totalmente aos filhos que Deus lhes concede.
Sem. Ozias Xavier
Fontes:
Catecismo da Igreja Católica
Carta Encíclica do Sumo Pontífice Francisco Lumen Fidei, sobre a fé, de 29/06/13.
Artigo ¿Cómo ser feliz? Los Postigo-Pich, con 18 hijos, enfermedades serias y neveras vacías, lo explican, em http://www.religionenlibertad.com/articulo.asp?idarticulo=32871.
Artigo “O melhor que podemos dar aos nossos filhos são irmãos”, diz mãe de 18 filhos, em http://www.zenit.org/pt/articles/o-melhor-que-podemos-dar-aos-nossos-filhos-sao-irmaos-diz-mae-de-18-filhos.