Para saber quem somos e qual a nossa missão, fixemos nosso olhar em Maria, a mãe de Jesus. Ela é modelo para a Igreja e, ao mesmo tempo, nossa mãe misericordiosa.
Neste Ano do Laicato, Maria, pelo seu modo de viver, que podemos intuir pelos relatos bíblicos, torna-se modelo para os leigos e leigas viverem sua espiritualidade e missão na Igreja e no mundo. Primeiro transparece sua fé inabalável em Deus, entregando-se a Ele para que “seja feito segundo a tua Palavra” (Lc 1,26). Sai de si, de sua autossegurança, para colocar-se nas mãos do Senhor. Diante da grandiosidade do que está acontecendo com ela, não se ensoberbece. Reconhece que a obra é de Deus. Ela é a serva. A obra não lhe pertence. Nela, pequena, Deus faz grandes coisas. A sua, não foi uma fé pronta, acabada, mas sempre a caminho, inserida na vida familiar, comunitária e social do seu povo, numa peregrinação que culminou aos pés da cruz do seu Filho.
Mas é no Magnificat (Lc 1,46-55) que Maria se revela a mulher forte e anuncia a ação de Deus em favor do seu povo, com um grande cântico de louvor. Partilha da esperança do seu povo, que confia em Deus, em sua aliança. Deus é fiel às suas promessas (cf. Lc 1,54-55). É uma do seu povo e divide com todos a alegria da ação de Deus, que “socorreu Israel, seu servo, recordando-se da sua misericórdia, como tinha prometido aos nossos pais, a Abraão e à sua descendência para sempre” (Lc 1, 54-55). Maria é “a primeira entre os humildes e os pobres do Senhor” (LG 55). O Cântico de Maria proclama, de forma profética, a ação salvadora de Deus, que se realizaria na missão do Filho. Expressa a indignação com a injustiça que reina no mundo e que Deus “derruba os poderosos de seus tronos e eleva os humildes” (Lc 1,52). Demonstra a esperança que vem da misericórdia e da fidelidade de Deus, que socorre o seu povo.
Sendo que a missão específica dos leigos se realiza no mundo, na sociedade, qual a inspiração que encontramos em Maria? Em sua missão Maria, “totalmente dependente de Deus e toda ela orientada para Ele, ao lado do seu Filho, é o ícone mais perfeito da liberdade e da libertação da humanidade e do cosmos. É para Maria que a Igreja, da qual ela é Mãe e modelo, deve olhar, a fim de compreender na sua integralidade o sentido da própria missão” (Beato Paulo VI, Marialis Cultus, n. 37). O Magnificat apresenta Maria como mulher toda de Deus e com consciência de pertencer à história do seu povo. O coração aberto para Deus fez dela uma pessoa alegre, cheia de vida e solidária. Recorda aos cristãos que Deus escolhe preferencialmente os simples e humildes para seu Reino. Maria simboliza o ser humano em construção, aberto a Deus, tocado pelo Espírito Santo, que cultiva um coração solidário. Confiança em Deus e proximidade com seu povo fazem Maria ser “sal” e “luz”.
Nossa Senhora de Fátima, em suas aparições e na vida de cada fiel que se dirige a ela, continua a nos aproximar de Deus e manifestar seu amor misericordioso por seus filhos. Rogai por nós, ò Virgem de Fátima.
Dom Adelar Baruffi
Bispo de Cruz Alta