Dias atrás li uma reportagem sobre uma espanhola que em menos de 24 horas perdeu todos os movimentos do seu corpo e ficou em uma cadeira de rodas. Foi o caso da Lídia García Villar que descobriu ser portadora da síndrome de Guillain-Barré, pela qual perdeu os movimentos do corpo. Já faz mais de nove meses que está se tratando e ainda está recuperando os movimentos da mão.
Nós andamos pelas ruas e tomando cuidado com os carros, motos e bicicletas, chegamos ao nosso destino e retornamos rapidamente ao lar; fiquei pensando nas reclamações dos cadeirantes que encontram obstáculos em um simples meio fio sem rampa, ao qual, nós apenas erguemos a perna e nem percebemos esse obstáculo.
Quando se engessa a mão ou pé, vemos o trabalho que dá para executar uma simples tarefa como, por exemplo, tomar banho, calçar o sapato, vestir uma calça, colocar um sutiã. Nessa situação começamos a encontrar obstáculos que sempre passaram despercebidos à nossa atenção, pois o fazíamos automaticamente.
Eis a lição: valorizar as pequenas coisas que fazemos no nosso dia a dia. Pois, os grandes eventos ou coisas, já chamam atenção por si mesmos. Mas, qualquer momento desses, olhe para um flor e diga: Senhor, que bom poder ver. Encha os teus pulmões de ar e diga: Hummm, que bom poder respirar. Quando estiver com a tua família reunida, saiba olhar cada um dos que estão ali e bendiga a Deus por essa oportunidade. Pois, quando não os tiver daria tudo para poder ver e não os verá mais.
A baleia, apesar de ser o maior mamífero do mundo, se alimenta de pequenas coisas comparadas com seu tamanho; ou o amor que se alimenta dos pequenos gestos do próximo; assim deve ser também o nosso amor a Deus, um reconhecimento das pequenas coisas que Deus nos concede diariamente, mas na nossa ganância só queremos computar os grandes eventos e deixamos de agradecer centenas ou milhares de pequenos fatos diários da nossa vida. O simples fato de virar de um lado para o outro na cama, gesto que fazemos às vezes até mesmo dormindo; enquanto outros criam escaras no corpo por ficarem muito tempo na mesma posição por não ter um cuidador para virá-lo de uma lado para o outro.
Neste mês da Bíblia, lembremo-nos da parábola do pobre Lázaro e do Rico opulento. Ele não percebeu o pobre à sua porta e poderia ajuda-lo sem que sequer sentisse falta do que doasse; não percebeu a importância do que tinha para poder ajudar a impotência do que necessitava. E uma vez morto e sofrendo, caiu em si, mas já era tarde demais (Lc 16).
Não espere ter muito para ajudar; tem gente que na época da reforma da Catedral dizia que se ganhasse na mega sena iria doar a metade para ajudar. Se dependesse dessa ajuda, a Catedral até hoje estaria esperando; mas outros, com o pouco ou o muito se comprometeram com o dízimo e doações extras, e a Catedral está de pé, graças a Deus e ao comprometimento daqueles que não esperaram ter muito para ajudar.
Fiquemos atentos aos pequenos gestos que nos proporcionam ver a vida de uma maneira sempre bela e extraordinária.
Fraternalmente em Cristo,
Pe Dilmo Franco de Campos.