Ao refletirmos sobre a vivência do ministério do diácono permanente, nos deparamos com a questão da “Dupla Sacramentalidade” – da Ordem e do Matrimônio. Tal expressão quer significar que o diácono permanente é um homem que, antes do Sacramento da Ordem, foi chamado por Deus ao Sacramento do Matrimônio.
Eis o que o Documento de Santo Domingo nos exorta: “Queremos ajudar os diáconos casados que sejam fiéis à sua dupla sacramentalidade: do matrimônio e da ordem, e para que suas esposas e filhos vivam e participem com eles na diaconia. A experiência de trabalho e seu papel de pais e esposos constituem-nos colaboradores muito qualificados para abordar diversas realidades emergentes em nossas Igrejas particulares” (Documento de Santo Domingo, 77).
A vocação diaconal é dom precioso de Deus para sua Igreja. Os homens chamados a este ministério devem ter profundo amor pela Santa Igreja, fundada na rocha que é o próprio Cristo. Devem ainda, ser homens de espiritualidade marcante, fervorosa e comprometida. Homens ligados à Palavra, ao altar, e também ao serviço dos irmãos.
Além disso, quando o diácono é maduro entende o ministério como um dom de Deus e a Igreja como extensão de sua própria família. Primeiro vem a esposa, os filhos e demais parentes que carecem de seus cuidados, incluído aqui o trabalho profissional de onde tira seu sustento. Depois a família estendida, ou seja, a comunidade paroquial, também objeto do cuidado e atenção do diácono. Duas dimensões unidas pela graça do Espírito Santo que a todos une em seu amor.
Equilibrar as exigências familiares e profissionais com os deveres pastorais necessita o apoio dos sacerdotes que dividem com o diácono as obrigações na comunidade. Um relacionamento caridoso, fraterno e aberto com os párocos permite ao diácono uma agenda que não prejudique a família e nem deixe de cuidar dos deveres pastorais.
O campo de ação do diácono não se limita à sua atuação na vida comunitária, dentro dos muros da Igreja. Assim, a santificação do diácono se dá na vivência de seu ministério não só na Igreja, mas também, e principalmente, na família e no mundo. Como ministro ordenado o diácono é a presença do Cristo no mundo do trabalho, nos lugares aonde a Igreja não chega ou não pode entrar. Talvez seja mais importante e mais útil levar a Palavra e servir aqueles que estão longe, que estão fora, alheios à vida da graça.
De maneira resumida, o diácono permanente precisa, como a maioria dos batizados, ser um pouco Marta e um pouco Maria. Viver uma vida ativa no cuidado com a família e o trabalho profissional, sem deixar de reservar um tempo para estar aos pés do Senhor, servindo também à Igreja.
Por Alaércio Ferreira da Silva