Caríssimo (a) leitor (a),

Já estamos chegando à metade do mês de dezembro de 2018. O Advento ressoa novamente aos nossos ouvidos para que tomemos mais uma vez a consciência de que o tempo está passando, e passando rápido, chamando-nos à uma espera vigilante e confiante.

O Advento, que antecede o Natal, é o primeiro tempo do Ano litúrgico.

Para nós cristãos, é um tempo de preparação e alegria, de expectativa, no qual os fiéis, esperando o nascimento de Jesus Cristo, vivem o arrependimento e promovem a fraternidade e a paz.

É necessário distinguir elementos que dizem respeito a práticas ascéticas e a outras, de caráter estritamente litúrgico: um Advento que é preparação para o Natal, e um Advento que celebra a vinda gloriosa de Cristo (Advento escatológico).

O Advento é tempo de espera
• Na expectativa da 2ª vinda de Cristo, no fim dos tempos (1ª e 2ª semana do Advento);
• Em preparação à 1ª vinda do Filho de Deus que comemoramos no Natal (3ª e 4ª semana do Advento).

O Advento é um tempo por excelência de Maria, a Virgem da espera. Hoje o Advento recupera plenamente esse sentido com uma série de elementos marianos da liturgia, que podemos sintetizar da seguinte maneira:
– Desde os primeiros dias do Advento há elementos que recordam a espera e a acolhida do mistério de Cristo por parte da Virgem de Nazaré.
– A Solenidade da Imaculada Conceição se celebra como “preparação radical à vinda do Salvador e feliz princípio da Igreja sem mancha nem ruga” (Marialis Cultus 3).

Em sua exemplaridade para a Igreja, Maria é plenamente a Virgem do Advento na dupla dimensão que a liturgia tem sempre em sua memória: presença e exemplaridade. Presença litúrgica na palavra e na oração, para uma memória grata daquela que transformou a espera em presença, a promessa em dom. Memória de exemplaridade para uma Igreja que quer viver, como Maria, a nova presença de Cristo, com o Advento e o Natal no mundo de hoje.

Na feliz subordinação de Maria a Cristo e na necessária união com o mistério da Igreja, Advento é o tempo da Filha de Sião, Virgem da espera que no “Fiat” antecipa o Maranathá da Esposa; como Mãe do Verbo Encarnado, humanidade cúmplice de Deus, tornou possível seu ingresso definitivo no mundo e na história do homem.

• O Advento apresenta sempre a tríplice “vinda” de Cristo: Cristo veio, Cristo vem, Cristo virá (ontem, hoje e sempre).
• É essa a chave de leitura dos textos litúrgicos do Advento.
• Cristo veio. Mas de que adianta se ele não vem agora para cada pessoa? “Nós é que temos que nascer para Ele” (fr. Walter Hugo).
• O Advento é também o nosso tempo; estamos sempre no “Advento” de nós mesmos. Cada um vive no Antigo Testamento de si mesmo.
• Celebrando sua vinda histórica, realiza-se sua vinda atual no mistério do culto, cumprindo-se, assim, mais uma etapa da preparação da última vinda de Cristo.
• A Igreja vive e celebra essa tensão do “já presente” e do ainda “por vir”.
• Cristo é sempre aquele que ainda deve vir e continua chegando para cada um e para todo o mundo.
• O Reino messiânico já está presente pela justificação e pela graça. Mas ainda não está plenamente presente nos corações dos que creem no Senhor Jesus. É preciso que ele venha para que se instaure o Reino de justiça, de paz, de reconciliação, onde todos se reconheçam irmãos.

Belém é, pois, para nós, uma lição eloquente. Com o seu nascimento na silente noite de Belém, o Menino divino, diz Santo Agostinho, “mesmo sem dizer nada, deu-nos uma lição, como se irrompesse num forte grito: que aprendamos a tornar-nos ricos nele, que se fez pobre por nós; que busquemos nele a liberdade, tendo Ele mesmo assumido por nós a condição de servo; que entremos na posse do céu, tendo Ele por nós surgido da terra”.

Disse Santo Agostinho num sermão de Natal: “Ele está deitado numa manjedoura, mas contém o universo inteiro; mama num seio materno, mas é o pão dos anjos; veio em pobres panos, mas reveste-nos de imortalidade; é amamentado, mas é também adorado; não encontrou lugar na estalagem, mas constrói para si um templo no coração dos seus fiéis”.

Desejo a você um Feliz Natal e um Feliz 2018 em Cristo, pois depois de celebrarmos tantos natais nos perguntamos “de que adianta Cristo nascer mil ou dez mil vezes se não nascer ao menos uma vez no meu coração?”.

A bênção de Deus e um Feliz Natal em família.

Pe. Dilmo Franco de Campos
Reitor do Seminário Interdiocesano São João Maria Vianney