A vida é processo de construção, porque ninguém nasce pronto. É a história trabalhada com critérios de humanização, de evidência dos direitos e deveres, inerentes à pessoa humana. A capacidade para decidir define o formato de vida dos indivíduos, fonte de satisfação ou de sofrimento. Os critérios não podem ser apenas racionais, mas fundamentados também numa dimensão sobrenatural.
As ações humanas não se restringem simplesmente em palavras, discursos e motivações infundadas. Elas vêem de dentro da pessoa e têm identificação com seu próprio ser, sua identidade e se externiza na prática concreta do bem construído. Normalmente a pessoa é fruto do tipo de semente que foi plantada e regada. Até dizem que se conhece a árvore a partir do tipo de seus frutos.
O que dá verdadeiro sentido para a vida humana é a fé no Deus da vida, naquele que, em Jesus Cristo, foi capaz de morrer como uma semente e nascer para a eternidade. É o humano que, em suas ações, consegue atingir a perfeição total e conquista a vitória da vida no meio de variados cenários de morte. Só Deus é capaz de transformar a morte das pessoas em vida feliz para sempre.
É fundamental entender o aspecto e a realidade da vida humana, de suas ações, para que o humano se torne divino. Existe um destino universal para toda a criação, que é chegar à plena realização da vida, mas não se consegue isso praticando atos de destruição e disseminação da pessoa humana. Quem maquina e provoca morte deverá enfrentar o julgamento final de Deus.
A irresponsabilidade nas ações humanas pode causar consequências desastrosas. Grande parte dos acidentes é causada por falhas humanas. Não investem o suficiente para evitar catástrofes, como o de Mariana e Brumadinho. Significa que muita coisa de destruição acontece porque as ações são caracterizadas como desumanas, sem sentido cristão do cuidado com o próximo.
Cada pessoa deve fazer uma autocrítica de seus atos. Há sempre a capacidade de mudança de vida, de agir diferentemente, canalizando as próprias ações para construir o bem, progredir sempre mais e evitar a mediocridade. Assim a pessoa se define a partir de seus atos e relacionamentos, constrói seu processo de vida e faz encontro consigo mesmo, com os outros e com Deus.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG) e Administrador Apostólico de Formosa (GO)