A beleza de uma noiva se mede pelos seus ornatos exteriores, mas sobretudo por suas virtudes interiores. Neste quesito a Bem-aventurada Virgem Maria é inigualável, esposa do Espírito Santo, escolhida por Deus para ser mãe do seu filho, ornada, desde a sua concepção, pelas joias mais cristalinas da virtude. Sua beleza exterior é um reflexo dos tesouros de virtude que ornam o seu coração imaculado.
Depois de Jesus a bem aventurança que nos diz: “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5, 8), a mais do que ninguém se aplica à Virgem Maria, virgem antes do parto, no parto e depois do parto. Ela a quem a Palavra de Deus coloca nos seus próprios lábios: “Como é que vai ser isso, se eu não conheço homem algum?” (Lc 1, 34). Um coração preparado desde o ventre materno para ser desposado unicamente por Deus.
A pureza do coração de Maria se manifesta por uma vida ordenada a partir do amor de Deus, um coração ordenado a partir dos valores do céu. O que se contrapõe aos corações impudicos e cobiçosos que se movem pelos instintos mais baixos, sobretudo aqueles ligados à luxuria e à cobiça dos bens. Também nossas mulheres católicas, sejam solteiras, religiosas, casadas ou viúvas, são convidadas, cada uma a seu modo e segundo o seu estado de vida, a imitar a pureza do coração imaculado da Virgem Maria. Cultivando um coração que ordena tudo a partir de Deus e para Deus.
Uma segunda joia da qual o coração da Bem-aventurada Virgem Maria é ornado é a obediência/fé: “Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” (Lc 1, 37). Obediência/fé que se manifesta por sua total adesão à vontade de Deus até as últimas consequências. Com o seu fiat a Virgem Maria reconstrói a dramática experiência da desobediência de Eva, que desviou consigo toda a humanidade do caminho de Deus.
O coração imaculado de Maria é também ornado com a alegria própria daqueles que se fizeram morada de Deus. Isto é evidenciado no anúncio do anjo: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” (Lc 1, 28). A alegria de Maria não se confunde com a euforia banal e efêmera produzida pelos entretenimentos superficiais que, quando passa deixa na alma um vazio insuportável. A alegrai de Maria trata-se da alegria que é consequência de uma presença, seu coração está em Deus, Deus está no seu coração. Aquela alegria que permanece mesmo diante da dor da alma traspassada pela paixão do Filho.
A mansidão é outra joia da qual o coração imaculado da Virgem Maria é ornado. Uma mansidão que lhe permite acompanhar silenciosamente a Via sacra do Seu Filho sem se deixar levar pelo ímpeto de revolta ou pela tentação de responder violência com violência. A cena de Maria em pé ao lado da cruz é a mais alta expressão da sua mansidão (cf. Jo 19, 25). No caminho do calvário ela optou por consolar o Filho ao invés de se insurgir contra os seus agressores.
O coração imaculado da Virgem Maria também está ornado pela virtude da tranquilidade, própria daqueles que sabem que, nas mais duras provações, sempre contaram com as consolações que vem de Deus. Não se trata de uma acomodação, indiferença, imperturbabilidade, imobilidade ou fatalismo diante da vida. Trata-se de uma tranquilidade baseada no abandono confiante em Deus.
O coração imaculado da Virgem Maria é um coração que colocou toda a sua esperança em Deus. Muitas mulheres ao longo da história da salvação colocaram sua esperança em Deus, mas este gesto em Maria chega ao seu mais alto grau. Por isso ela é dita “Mãe da esperança”, porque Deus é tudo para a Virgem Maria e ela foi toda inteira para o seu Deus.
São Pedro destaca em sua carta que uma mulher ornada de tão resplandecentes virtudes se torna como um evangelho vivo, capaz de atrair |à fé os incrédulos: “Da mesma maneira, vós, mulheres, sujeitai-vos aos vossos maridos, para que, ainda quando alguns não creiam na Palavra, sejam conquistados sem palavras, pelo comportamento de suas mulheres” (IPd 3, 1).
Não é por acaso que muitos protestantes tem se convertido à fé católica justo a partir da experiência com a Virgem Maria, Ela é a página viva, por excelência, do evangelho. Oxalá não venha faltar em nossas famílias, na sociedade, nas paróquias, mulheres que sejam imitação das joias de Maria, que sejam páginas vivas do evangelho, capazes de falar de Cristo com o simples testemunho de uma vida santa, digna, fiel à própria vocação e devotada a Deus.