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sábado, 11 maio, 2024 - 21:54 PM

I Domingo do Tempo da Quaresma

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Viver a Quaresma é entrar no deserto com Jesus

A poucos dias, na Quarta-feira de cinzas, entramos num tempo privilegiado de graça e conversão, o Tempo da Quaresma, no qual somos chamados a travar um combate mais decidido e firme contra “o fermento do mal” e contra o pecado. Tempo oportuno para progredirmos no “conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo e na busca de uma vida mais santa”.

Para vivermos este tempo com proveito urge que olhemos para Nosso Senhor na sua tentação, para aprendermos com Ele a vencer a ciladas do Tentador. Assim, viver a Quaresma é entrar no deserto com Jesus, no seu jejum, na sua comunhão com o Pai, na sua obediência, na sua oração; para com Ele sairmos vencedores sobre toda espécie de mal.

Não resta dúvidas que o contexto cultural no qual nos encontramos tem assumido a característica de um autêntico deserto, marcado pelo obscurecimento das consciências. Estamos vivendo um largo processo de expansão e de doutrinação de uma dominação ideológico cultural que impõe ditatorialmente a ideologia de gênero, a linguagem neutra, o desprezo para com Nosso Senhor, com o evangelho, com a Igreja; a difusão da cultura da morte na forma do aborto, da eutanásia, suicídio assistido, disseminação das drogas; a multiplicação das seitas religiosas que conduzem ao esvaziamento e deturpação da fé cristã; a banalização da sexualidade, pansexualismo; desprezo para com os pobres, enfermos e fragilizados.

Em suma, estamos num deserto, numa noite escura, na qual a humanidade encontra-se num estado de delírio coletivo, para o qual há somente uma saída, o retorno a Cristo, ao seu evangelho, à fé católica. O Tentador está de pé e assim como rondou Nosso Senhor na sua tentação, agora rodeia os que pertencem a Cristo, com o intuito de nos arrastar para um estilo de vida sem Deus, sem fé, sem humanidade, sem fraternidade, sem esperança.

Mas assim como o Tentador não foi capaz de vencer o Senhor com suas ofertas de facilidades: comida, o tentar a Deus, o poder; ele também não pode vencer os que pertencem a Cristo e a Ele permanecem unidos pela graça. Como este brutal inimigo de Deus e dos homens, não tem poder para tentar a Deus, ele investe toda sua maldade e engano para tentar os homens, afim de que estes desistam da fé, da virtude, do amor, e muitos tem sucumbindo às suas ciladas. Se porventura, nalgum momento bebemos do seu veneno, agora é temo oportuno de voltar para Deus, movidos por arrependimento sincero.

Nesta quaresma o Senhor nos convida a renovar nossa fé, esperança e caridade, nossa decisão de ser de Deus, de ir contra a corrente. E a combater o mal com o vigor da oração, da penitência e da esmola e o testemunho de uma vida santa. A oração que nos mantém na permanente comunhão e diálogo com Deus, para Dele aprendermos toda ordem de bem. A penitência para mortificar os sentidos, para dominar as vontades rebeldes, afim de orientá-las para Deus. A esmola que nos conduz ao desprendimento dos bens e nos forma para a sensibilidade diante das necessidades materiais e espirituais dos nossos irmãos.

Munidos dessas armas podemos atravessar o deserto desta vida conservando a nossa condição e dignidade filial. Pois no final das contas era isto que o Tentador queria que Jesus negasse, a sua condição de Filho de Deus. Tanto que se dirige a Ele procurando semear a dúvida quanto a esta sua condição: “Se és Filho de Deus”.

Jesus sendo Filho de Deus, é Deus com o Pai e o Espírito Santo, portanto o Demônio não pode nada contra Ele, por isso tenta semear a dúvida quanto à sua filiação. É assim que ele age também conosco, filhos de Deus gerados no batismo, procurando semear a dúvida no amor de Deus, no seu perdão, na sua misericórdia, na salvação. Procurando semear a dúvida quanto a origem divina da Igreja, quanto ao evangelho. Assim, é fortalecendo a nossa fé que iremos vencer o Tentador que, através da dúvida, procura introduzir a desobediência, a desordem, a desconfiança no coração dos que creem. Resistamos, pois, ao Tentador até que ele fuja de nós como fugiu de Nosso Senhor.

 

 

Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF


Leituras: Gn 2, 7-9; 3, 1-7/Sl 50 (51)/Rm 5, 12-19
Evangelho: Mt 4, 1-11

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