Unidos a cristo, temos acesso a Deus e caminhamos para o céu
A solenidade que ora celebramos, a Ascensão do Senhor, nos coloca diante do nosso futuro – a glória dos céus. Após sua ressurreição Nosso Senhor sobe gloriosamente aos céus levando consigo a sua humanidade glorificada, tornando-se o mediador entre nós e o Pai. De modo que, unidos a Cristo, temos acesso a Deus e caminhamos para o céu.
Mas antes da sua ascensão o Senhor confiou aos seus discípulos o dever e a autoridade para continuarem no mundo a sua missão. Uma missão centrada em três importantes eixos: fazer discípulos, batizar e ensinar: “…ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei!” (Mt 28, 19-20).
Nisto consiste a missão da Igreja no mundo, continuar a realizar aquilo que fez e ensinou Nosso Senhor. Primeiro fazer discípulos, criar comunidades, chamar os homens, de todas as nações, à fé e à conversão. Se estamos na Igreja, pertencemos a ela, não podemos ser menos do que discípulos.
Mas o que significa ser discípulo de Jesus, membro da Igreja? O discípulo é aquele que procura reproduzir no seu pensar, no seu agir, no seu falar, no seu sentir as mesmas virtudes e disposições de Jesus. É alguém que em tudo procura imitar, reproduzir o mesmo amor, a mesma misericórdia, a mesma humildade, a mesma obediência, a mesma transparência de Nosso Senhor.
Disto deriva que, embora sejamos destinados à glória dos céus, não podemos ser descomprometidos com as urgências e necessidades deste mundo. Como discípulos de Jesus somos chamados a antecipar, já nesta vida, aquela alegria própria dos que contemplam a Deus face a face, mesmo que em sombra. Daí a exigência de, como discípulos, nos empenharmos na transformação do mundo, na superação dos males, injustiças e das misérias, na força e no vigor do evangelho.
A pregação da Palavra suscita a fé que nos leva ao batismo, porta de entrada na Igreja e na vida em Deus, pacto e aliança de salvação, sacramento que nos torna familiares de Deus e concidadãos dos santos. O batismo é o início de um caminho cujo ponto de chegada é a glória dos céus. O batismo é porta de salvação, da qual as crianças não podem ser privadas, como erroneamente é propagado por diversos grupos protestantes, que excluem as crianças do batismo.
Ora, se o batismo é necessário para a salvação, excluir as crianças do batismo é um grave erro, porque elas também são destinatárias da salvação, da graça de Deus e da graça da filiação divina. Embora não tenham pecados pessoais, também nasceram feridas pelo pecado original, cuja sanação vem pelo batismo.
Também compete à Igreja ensinar tudo aquilo que ela recebeu do Senhor, a Boa nova do Evangelho, os mandamentos divinos, ensinar o caminho da salvação. A Igreja não ensina aquilo que quer os seus pastores, ou aquilo que pensam os homens, ou o que lhes agrada, lhe cabe anunciar o Depositum fidei, aquilo que é necessário para a salvação.
Se alguém, mesmo que seja um papa, cardeal, bispo ou padre, vier a ensinar algo que seja contrário ao evangelho, os fiéis não estarão obrigados a assentir no erro. Nem a Igreja nem seus pastores são inventores da fé, são seus guardiões. O Senhor conserva na sua Igreja o carisma da verdade, fazendo se presente nela por Seu Espírito Santo assim como no-la prometeu: “Eu eu estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 20).
Apesar da loucura e da insensatez dos homens, que tantas vezes querem adulterar o evangelho para justificar seus costumes depravados, a Igreja tem a garantia da verdade, porque nela o seu Senhor habita. Pois Ele subiu ao céu, mas não nos deixou órfãos, nos enviou o Paráclito, que constantemente mantém a Igreja e seus pastores na verdade.
Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF
Leituras: At 1, 1-11/Sl 46 (47)/Ef 1, 17-23
Evangelho: Mt 28, 16-20