Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo
No dia em que nos tornamos cristãos católicos, quando fomos batizados, foi invocado sobre nós pelo sacerdote esta simples e, ao mesmo tempo, profunda e completa oração: “Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. Oração extraída do mandato do Senhor aos seus apóstolos: “Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornam discípulas, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo…” (Mt 28, 19). O que vem de encontro a solenidade da Santíssima Trindade que ora celebramos, Ela é o fundamento da existência cristã.
Esta oração pronunciada sobre nós, no dia em que nascemos para Deus e como filhos de Deus, marca o início do primado do Deus Uno e Trino sobre nossa vida. A partir de então já não nos pertencemos mais, somos de Deus e para Ele devemos viver, na obediência de filhos, em comunhão com o Filho e conduzidos pelo Espírito Santo.
Sendo assim, qualquer tentativa da nossa parte de viver à despeito de Deus, fora do Seu senhorio, da sua vontade, constitui uma grave traição ao seu amor, à sua bondade e misericórdia para conosco. Além de nos colocar num caminho de condenação. Uma vez que fora do conhecimento do Verdadeiro e único Deus não podemos encontrar salvação.
É neste sentido que o Evangelho nos diz que o julgamento do mundo já está posto. Aqueles que acolhem a Cristo, enviado ao mundo pelo amor do Pai para nossa salvação, tem sobre si um juízo de salvação. Aqueles que, tendo conhecido o Filho, mas o rejeitam tem sobre si um juízo de condenação. Disto compreendemos que Deus não condena o homem. É este que, rejeitando seu amor, sua oferta de salvação, seu chamado à conversão, é que se condena ao drama de uma vida sem Deus, sem esperança, sem amor, sem comunhão.
Cristo não foi enviado pelo Pai ao mundo para condená-lo, mas para salvá-Lo: “De fato, Deus não enviou o seu filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele” (Jo 3, 17). O homem é que, movido por orgulho, soberba, egoísmo, autossuficiência, se condena ao rejeitar a Deus, que é Pai, Filho e Espírito Santo; fazendo-se servidor das suas próprias vontades ou tornando-se escravo de ídolos mortos e superstições pagãs que não podem nos salvar. Como o dinheiro, o poder, o prazer, ritos pagãos, sortilégios, horóscopos, práticas ocultas, espiritismos, esoterismos; levando uma vida voltada somente à busca da satisfação pessoal e gozos imediatos.
O homem que se faz senhor de si mesmo rejeita o primado de Deus sobre sua vida. Aquele primado que foi proclamado no dia do seu batismo fazendo referência ao Verdadeiro e Único Deus: “N., Eu te batizo em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”.
Neste memorável dia fomos introduzidos na graça do Filho, no amor do Pai e na comunhão do Espírito Santo. Graça que nos salva, que nos tornou filhos de Deus, que nos perdoa, que nos transforma, que nos eleva à vida sobrenatural, que nos dá acesso à vida eterna. Amor que nos redime, amor infinito, porque é o próprio Deus habitando em nós: “porque Deus é amor” (IJo 4, 8). Comunhão que nos arranca do isolamento, levando-nos a partilhar da vida de Deus, dos irmãos e da pertença à Igreja.
Tudo isto é expressão incomensurável do amor do Deus Uno e Trino por nós, um amor sem medida, como nos lembra a Palavra de Deus: “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16). Diante disto somos levados a nos questionar: “Se Deus nos ama tanto, por que o amamos tão pouco?” É que o amor de Deus revela a gravidade do mal que há em nós e no mundo. A graça, o amor e a comunhão que há em Deus, contrastam com autossuficiência, como o ódio e com a divisão que há no mundo. Por isso o mundo odeia a Jesus, sua Igreja, e aqueles que lhe são fiéis: “O mundo não vos pode odiar, mas odeia-me, porque dou testemunho de que as suas obras são más” (Jo 7, 7).
Por fim, deixemo-nos atrair pela graça de Cristo, pelo amor do Pai e pela comunhão do Espírito Santo, este é o caminho pelo qual podemos fazer o bem triunfar sobre o mal, a virtude triunfar sobre o vício, a morte sobre a bida. Somos de Deus, a Ele pertencemos, portanto, tudo o que fizermos o façamos: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém!
Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF
Leituras: Ex 34, 4b-6.8-9/ Dn 3, 52ss/ IICor 13, 11 – 13
Evangelho: Jo 3, 16 -18