Nosso Senhor é a vida que vence a morte
O tempo quaresmal nos convida uma intensa vivência do mistério de Nosso Senhor Jesus Cristo, sua paixão, sua morte e ressurreição. Neste mistério vai transparecendo, por um lado, à medida que se aproxima a celebração da páscoa, a revolta das trevas, do mal e do pecado; mas sobressai, sobretudo, a força da Luz que dissipa todas as trevas e da vida que vence a morte.
Isto nos coloca diante da compreensão que, quanto mais se aproxima a paixão e morte do Senhor, mas se aproxima a morte da morte. Porque Nosso Senhor é a vida que vence a morte. Daí que Ele ousa apresentar-se diante dos seus amigos feridos pela morte de Lázaro: “Eu sou a ressurreição e a vida” (Jo 11, 25).
Jesus, Nosso Senhor, não apenas ressuscitou, Ele é a nossa ressurreição, nossa vida. Tomamos parte na ressurreição e na vida do Senhor na medida em que aderimos a Ele pela. A fé é a porta de entrada para esta vida nova que nos vem do Senhor ressuscitado.
É crendo que entramos na verdadeira vida. Assim, nos diz o Senhor: “Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá jamais” (Jo 11, 25-26). Certo é que, enquanto somos peregrinos neste mundo, estamos sujeitos a duas espécies de morte: a morte física, a cessação da nossa vida corporal; mas também estamos sujeitos à morte espiritual, que nos acomete se rejeitarmos a graça de Deus pelo pecado.
Contudo, a despeito destas duas mortes, se nos abrimos a Cristo pela fé, em nós habita a vida divina, que nos é concedida pela graça de Deus. Se nesta graça procuramos viver e nesta graça morrermos, haveremos de ressuscitar para a vida eterna, não morreremos jamais. Porque o Senhor não permitirá que seus amigos permaneçam abandonados à sombra da morte.
Vimos na Palavra de Deus que Jesus “estremeceu interiormente, ficou profundamente comovido… e chorou” (Jo 11, 33-35) diante da morte do seu amigo Lázaro. Sinal que o Senhor não se alegra com a morte dos seus amigos. De modo que é na amizade com o Senhor que encontramos a vida e a salvação.
Já o salmista cantava: “É custosa aos olhos do Senhor a morte de seus fiéis” (S. 116, 15). Ou seja, é sentida por demais pelo Senhor a morte daqueles que são seus amigos. Pensemos, se o Senhor chorou diante da morte corporal do seu amigo Lázaro, quanto mais sentida é a condenação eterna, a morte eterna, daqueles que um dia pertenceram a Cristo.
Nosso Senhor se entregou na obediência à morte e morte de Cruz justo para nos salvar da morte eterna. Mas quantos preferem a inimizade com Cristo em troca da amizade com o mundo. Quantos preferem a vida sem comunhão com Aquele que pode nos dar a vida que permanece para sempre. Fora da amizade com o Senhor não podemos encontrar a vida que permanece para sempre.
Valemos muito aos olhos do Senhor, nossa vida e nossa morte lhe importa, muito mais ainda lhe importa e lhe diz respeito a nossa salvação. O Senhor não se alegra com a morte dos seus amigos, não se alegra com nossa condenação. Ele quer nos arrancar da sepultura. Ele tem poder para vivificar nossos corpos mortais, conduzindo-nos à vida que não passa. Para tomarmos parte nesta vida basta crer, basta viver na amizade com o Senhor, pois seus amigos não ficarão abandonados à sombra da morte.
Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF
Leituras: Ez 37, 12 – 14/Sl 129 (130)/Rm 8, 8-11
Evangelho: Jo 11, 1-45