A lei do cristão é o amor
O cristão, o discípulo de Nosso Senhor Jesus Cristo, não é um errante sem lei, sem norte, sem direção, o amor é a sua lei. Para vivermos segundo esta lei contamos com a graça de Deus que vem em socorro da nossa fraqueza afim de que tenhamos condições de viver o presente mandamento: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” (Rm 13, 9).
Somente apoiado em nossas próprias forças não temos condições de amar ninguém por muito tempo e de forma incondicional. O amor que o Senhor nos pede precisa ser assumido segundo a forma do Seu amor por nós, um amor capaz de sacrifício, de renúncia, um amor que em tudo se propõe ao bem e à verdade.
Quanto mais se esvazia e se lança no esquecimento a Lei de Cristo, tanto mais se multiplicam as leis humanas. Não é por acaso que na sociedade atual existe um número insuportável e incompreensível de leis. Sinal do gravíssimo esfriamento do amor de Cristo nos corações, sintoma do terrível embrutecimento do homem que, já não crê mais na força da caridade, que se encontra dominado pela prepotência dos mais fortes.
Amar segundo Cristo é entrar em comunhão de vida com Ele, imitar seus passos, é viver reconciliado com Deus e com o próximo. Embora, quase sempre não seja fácil percorrer o caminho da reconciliação. Quem ama, segundo o amor cristão, não procura apenas o seu próprio bem, seus interesses pessoais, em tudo o que faz se empenha também pelo bem do próximo; foge das atitudes, palavras e ações que visam causar o mal do próximo. Como nos adverte a Palavra de Deus: “O amor não faz nenhum mal contra o próximo” (Rm 13, 10).
Amar segundo o amor de Cristo comporta também a correção fraterna, que para ser de fato fraterna, tem que seguir alguns passos importantes: corrigir em particular, para não expor o irmão em suas fraquezas. Se este primeiro passo não surtir efeito, tentar uma segunda vez na presença de uma testemunha. Se também este passo não produzir efeito, levar a questão ao conhecimento da Igreja, ao pároco da comunidade, a um outro irmão mais sensato e provado na fé.
Se depois deste terceiro passo a pessoa se obstinar no seu pecado assim estabelece o evangelho: “Se nem mesmo à Igreja ele ouvir, seja tratado como se fosse um pagão ou um pecador público” (Mt 18, 17). Deixar de escutar a Igreja é deixar de escutar Cristo: “Quem vos ouve a mim ouve, quem vos despreza a mim despreza, e quem me despreza, despreza aquele que me enviou” (Mt 10, 16).
Quantos que vão se tornando católicos apenas de nome, porque já não se deixam corrigir nem se formar pela fé da Igreja, terminam por aceitar do evangelho somente o que lhe a agrada. Hoje vem se impondo uma postura ainda mais perversa, a de querer moldar, corrigir o evangelho para justificar pecados aberrantes. Ora, é nossa vida, nossas más condutas, nossos vícios, nossos pecados é que precisam ser corrigidos pelo evangelho.
Sem o exercício mútuo da correção fraterna, nossas famílias, a comunidade cristã, a Igreja, vão adoecendo, se colocando num caminho cada vez mais distante da lei de Cristo. Vão aos poucos sendo dominados pelo mal e pelo pecado. Entra-se num jogo perigoso, não corrijo a ninguém para que ninguém tenha a ousadia de me corrigir.
Somente os humildes sabem corrigir com caridade e serem corrigidos com humildade. Quem é ímpio não aceita correção: “Não repreendas o zombador porque de odiará, repreende o sábio, e ele te agradecerá” (Pv 9, 7 -10). Quem procura viver segundo a Lei de Cristo, a caridade, sabe corrigir e agradece quando é corrigido.
A lei de Cristo é a única lei capaz de mudar o mundo curando – o de todos os males, capaz de corrigir nossa dura servis. Esta lei requer que esteja escrita no coração: “Eu porei minha lei no seu seio e a escreverei em seu coração” (Jr 31, 33). Esta lei parte e funda-se no Amor a Deus sobre todas as coisas e se estende ao próximo. O amor ao próximo e às criaturas, separado do amor de Deus, muito cedo se degenera em ódio, em exploração do outro.
Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF
Leituras: Ez 33, 7 – 9/ Sl 94 (95)/ Rm 13, 8 -10
Evangelho: Mt 18, 15 – 20