Sábado da 6ª Semana da Páscoa
Evangelho – João 16,23b-28
“A vida do cristão se entende na intimidade com Cristo”
“Eu saí do Pai e vim ao mundo; e novamente parto do mundo e vou para o Pai” (Jo 16,28). Com esta última frase do Evangelho que a Liturgia nos propõe para o dia de hoje é possível perceber a claridade que Nosso Senhor Jesus tem de si mesmo. Na verdade Ele sempre teve plena convicção de Sua Filiação Divina, pois desde a idade de 12 anos expressava esse conhecimento. Basta recordarmos a resposta que foi dada a Maria Santíssima quando O encontrou no Templo, junto aos doutores da Lei: “Devo ocupar-Me das coisas de meu Pai” (Lc 2,49).
Toda a vida de Nosso Senhor Jesus foi marcada por esse forte vínculo de unidade com o Pai Celestial, em suas pregações: “não falei por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, ele mesmo me prescreveu o que devo dizer e o que devo ensinar” (Jo 12,49); nas obras que realizava: “as obras que meu Pai me deu para executar – essas mesmas obras que faço – testemunham a meu respeito que o Pai me enviou” (Jo 5,36). Até nos últimos instantes de vida, Nosso Senhor expressa a íntima união que tem com o Pai Eterno: “’Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito’. E, dizendo isso, expirou” (Lc 23,46).
A vida de Nosso Mestre e Senhor é modelo e exemplo para cada um de nós, que somos seus discípulos. É verdade que nem sempre alcançamos muitos êxitos no seguimento que Ele nos deixou. As inúmeras falhas e limitações, por vezes atrapalham o correto caminho a seguir, porém não devemos desanimar, muito menos desistir em sermos autênticos discípulos de Cristo.
Devemos continuamente nos esforçar para que nada nos separe de Deus, pois a vida do cristão só se entende mediante a intimidade com Cristo. Nosso Senhor quer ter com seus discípulos um relacionamento de amizade (Cf. Jo 15,15), que deve chegar ao mais alto nível de intimidade, quando será possível participar da perfeita união que existe entre Ele e o Pai (Cf. Jo 17,21).
Somente assim, em verdadeira sintonia de amor com Nosso Senhor é que vamos compreender que não pertencemos a este mundo (Cf. Jo, 17,16), porque “somos cidadãos dos céus” (Fl 3,20). Será a partir da nossa união com Cristo que poderemos receber qualquer coisa que pedirmos ao Pai, em Seu Nome (Cf. Jo 16,23b). Que Maria Santíssima interceda a Deus por nós, para que nossa união com Cristo Jesus corresponda a Sua santa vontade: “Eu neles e Tu (Pai) em Mim, para que sejam perfeitos na unidade e o mundo reconheça que Me enviaste e os amaste, como amaste a Mim” (Jo 17,23).
Que assim seja!
Padre Fláunei Alves Pereira
Em estudos de Direito Canônico na Espanha
Leituras: At 18,23-28 / Sl 46 (47)
Evangelho: Jo 16,23b-28