“E todas as pessoas verão a salvação de Deus” (Lc 3,6)
O trecho do evangelho para o segundo domingo do advento nos ajuda a compreender que Jesus não é uma ideia, uma ideologia, um mito, mas sua encarnação foi um fato histórico que se deu “No décimo quinto ano do império de Tibério César” (Lc 3,1). O que pode ser atestado inclusive por fontes históricas da época. Assim, Nosso Senhor Jesus Cristo não é uma invenção humana, uma invenção dos apóstolos ou da Igreja. O Senhor é a irrupção da salvação que vem de Deus na história.
Sua encarnação, sua primeira vinda a este mundo, e sua permanência nele de modo sacramental se realizou e se realiza de modo muito simples, discreto. Em nada sua encarnação, sua realeza se assemelha aos poderes mundanos. Pois a salvação do mundo não vem dos homens, ela vem de Deus.
Por isso, num mundo com imperadores (Tibério César), governadores, administradores políticos, sumos sacerdotes (Anás e Caifás), é o desconhecido profeta do deserto – São João Batista – quem chama os homens a um batismo de conversão e exortava a todos: “preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas” (Lc 3,3-4). João Batista é a voz que prepara os corações para acolher a Palavra; ele é a lâmpada que prepara os homens para acolher a luz; é aquele que espera a salvação anunciando a vinda do Salvador.
Assim é, aos poderosos falta a sensibilidade para reconhecer a manifestação e a proximidade de Deus. Os poderosos de todos os tempos, à exemplo dos que dominavam no tempo da primeira vinda de Jesus, não podiam nem podem reconhecer a proximidade da vinda do Messias, porque é próprio dos poderes deste mundo confiar apenas em suas próprias forças.
Enquanto que os pequenos, os pobres, os humildes, como João Batista, são capazes de sentir, de esperar e de acolher a proximidade do Messias, de Jesus, o portador da salvação que vem de Deus. Por isso João anuncia: “E todas as pessoas verão a salvação de Deus” (Lc 3,6). Para ver, reconhecer e acolher a salvação que vem de Deus em Cristo Jesus é preciso ter fé, conversão de vida, abandonar as obras perversas e guiar-se pela caridade.
Enquanto os poderes mundanos pregam que se salva quem tem força e poder, Jesus Cristo nos ensina que se salva quem tem fé, quem tem confiança em Deus. O mundo, por mais que aparente ser esplendoroso, não tem capacidade de realizar a salvação, esta é dom de Deus e somente Ele pode nos dar.
Assim, a grande solenidade do Natal que, dentro de poucos dias iremos celebrar, bem que pode ser reconhecida como a festa da salvação. Porque Nosso Senhor Jesus Cristo é a salvação de Deus para o mundo. Se cremos nisto, endireitemos nossas veredas, ou seja, convertamos nossa vida, nossa mentalidade segundo a medida do evangelho.
Não nos contentemos apenas em ouvir falar de Jesus, em conhece-Lo, Ele está para chegar, mas já habita entre nós. Deixemos que o Senhor entre em nossa vida, que a modifique, que a transforme. É tempo do advento, mais uma vez Deus nos faz um apelo, abramos o coração para acolher o Seu Filho Jesus, porque quem o acolhe, encontra a salvação que vem de Deus.
Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF
Leituras: Br 5,1-9 / Sl 125 (126) / Fl 1,4-6.8-11
Evangelho: Lucas 3,1-6