“Mas, se não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo” (Lc 13,3).

O homem é uma realidade que não se explica sem Deus, bem como as realidades que envolvem a sua vida neste mundo. De modo que separado de Deus nem a vida nem a morte tem sentido algum. Antes tornam-se fardos insuportáveis e incompreensíveis. Mas uma vez que Nosso Senhor Jesus Cristo encarnou-se entre nós, viveu o mistério da sua paixão, morte e ressurreição, agora a nossa vida e a nossa morte tem um sentido.

Os galileus, crucificados por Pilatos, são símbolos daqueles que passaram a vida e entraram na morte sem esperança alguma, porque não tinham Deus, ou não permitiram que Deus os possuísse. Esta é a sorte de todos aqueles que não se convertem de coração a Nosso Senhor Jesus Cristo. Como Ele nos exorta: “Mas se vós não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo” (Lc 13,3).

Ora, todos iremos morrer! Tão certo como todos agora vivemos, mas viver e morrer sem Cristo, sem conhecer e participar, pelo batismo, do mistério da sua vitória sobre o pecado e a morte é a ruína total. Porque Nosso Senhor é o “rochedo espiritual”, no qual fomos lavados da culpa no batismo, com o qual nos nutrimos na eucaristia. Quem não se nutre deste Rochedo, está condenado a morrer no deserto deste mundo com todas as suas seduções.

Quem adere a Cristo pela fé, abrindo-se de coração à graça da conversão, percorre esta vida não somente como quem está se preparando para a morte, mas como quem está se preparando para a vida. Enquanto que, quem não crê no Senhor, apenas lhes resta passar esta vida se preparando para a morte, porque não carrega consigo a esperança da vida eterna, da ressurreição.

Não se converter a Cristo é condenar-se a uma vida sem sentido, e a uma morte sem esperança. Convertamo-nos, pois a Cristo, ou deixemos que Ele nos converta, permitindo que Ele mude o rumo da nossa vida, da esterilidade espiritual para a fecundidade.

Não sejamos como a figueira estéril que, mesmo sendo bem cultivada, adubada, não foi capaz de produzir um fruto sequer, causando o desgosto no seu dono: ‘Já faz três anos que venho procurando figos nesta figueira e nada encontro’ (Lc 13,7). Diante do seu desapontamento com a figueira o dono ordena que ela seja cortada. Mas o vinhateiro intervém: “Senhor, deixa a figueira ainda este ano. Vou cavar em volta dela e colocar adubo” (Lc 13,8).

Diante desta cena do evangelho, pensemos em quantas pessoas que rezam pela nossa conversão. Mães que rezam pela conversão dos seus filhos; filhos que rezam pela conversão dos seus pais; esposas que rezam pela conversão dos seus esposos e vice-versa; fiéis que rezam pela conversão dos seus padres; padres que rezam pela conversão dos seus fiéis; bispos que rezam pela conversão dos seus padres; padres que rezam pela conversão dos seus bispos. E todos rezamos pela conversão do mundo, porém, não podemos nos esquecer que a conversão do mundo começa com a minha conversão.

Não podemos tardar em dar frutos de vida cristã, o Senhor usa de paciência para conosco, aguardando a nossa conversão. Mas a hora vai adiantada, precisamos voltar para o Senhor de corpo, alma e coração. Há de chegar a hora, na qual teremos que prestar contas ao Senhor dos dons e talentos que recebemos, das boas passibilidades de fazer o bem, de amor, de servir, que talvez temos desperdiçado.

O Senhor é indulgente, é favorável, é paciente e compassivo” (Sl 102,8), ao nos perdoar, ao nos comunicar a sua graça, ao esperar com que produzamos os frutos que expressem a conversão. Voltemo-nos para Nosso Senhor Jesus Cristo, o ‘Rochedo espiritual’, que nos acompanha, sustenta e salva.

Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF


Leituras: Êx 3,1-8a.13-15 / Sl 102 (103) / 1Cor 10,1-6.10-12
Evangelho: Lucas 13,1-9