“O homem não casado é solícito pelas coisas do Senhor e procura agradar ao Senhor…” (ICor 7, 32)
Existem dois amores irrenunciáveis e inseparáveis na vida do crente: o amor a Deus e o amor ao próximo. Este gênero de amor somente é possível porque Deus é amor e porque Ele nos amou por primeiro: “Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e enviou o seu Filho como oferenda de expiação pelos nossos pecados” (IJo 4,10).
Assim, na sua origem, o amor autêntico é Deus que ama o homem pecador. De modo que só podemos amar realmente, porque há um amor que nos precede, Deus nos ama por primeiro. Nós podemos amar a Deus e ao próximo, porque, antes de tudo Deus nos ama.
É próprio da pessoa amada procurar agradar, cuidar e fazer a vontade da pessoa amada. Por isso uma indicação clara, se de fato amamos a Deus, é se procuramos agradá-lo com nossa vida, se buscamos fazer a sua vontade e ser fiéis ao seu amor e aos seus mandamentos.
Todos os homens e mulheres de fé são chamados a agradar ao Senhor. Porém, São Paulo nos diz que os homens e as mulheres consagradas, celibatários, viúvos solteiros o podem fazer com maior empenho e exclusividade, livres das preocupações mundanas: “O homem não casado é solícito pelas coisas do Senhor e procura agradar ao Senhor”(ICor 7,32). Aqueles que se encontram nesta condição, seja porque abraçaram uma vocação específica, seja porque as circunstâncias lhes impuseram tal condição, podem constituir uma privilegiada força no serviço da evangelização nas paróquias, nas dioceses. Desde que se deixem conduzir pelo amor de Deus e que tenham “zelo pelas coisas do Senhor e procuram ser santas de corpo e espírito” (ICor 7,34).
Esta exortação de São Paulo é muito oportuna para os nossos dias. Quantas pessoas solteiras, viúvas, ou celibatárias vivem tristes, amarguradas, enquanto poderiam estar doando suas vidas procurando agradar ao Senhor à serviço da catequese, da missão ad gentes, da visitação aos doentes, presos e idosos, da evangelização. Quanto mais agradamos ao Senhor mas O amamos. De modo que a vida daqueles que não se casaram nem vão se casar, mesmo que não sejam chamados a uma vocação específica na Igreja, pode ser uma bela experiência de amor. Desde que vivam procurando agradar ao Senhor. Nem todos tem vocação para o matrimônio. E há muitos que tem vocação ao matrimônio, mas a ele renunciam para seguir a vida consagrada ou o sacerdócio.
Porém, uma vida agradável a Deus não é privilégio dos que não se casaram, seja porque abraçaram a vida consagrada ou o sacerdócio. Também os casados podem agradar ao Senhor segundo a sua condição de esposos. Desde que procurem viver segundo as virtudes próprias do matrimônio cristão.
A respeito dos casados São Paulo afirma: “O casado preocupa-se com as coisas do mundo e procura agradar à sua mulher e assim, está dividido” (ICor 7,33). Em outras palavras, os que se casaram agradam a Deus agradando a sua família, de modo particular o seu cônjuge. Sendo fiel, cuidando, trabalhando, estando junto, educando os filhos para a vida na Igreja e na sociedade. O que significa que as pessoas casadas tornam-se agradáveis a Deus e O amam na medida que se dedicam, amam, zelam, oram e cuidam da sua pequena Igreja doméstica com denodo e dedicação. Embora seja legítimo, ou mesmo um dever, desagradar ao outro, quando este quiser lhe exigir algo contrário à lei divina.
Por fim, não basta ser célibe para agradar ao Senhor, é preciso a solicitude pelas coisas do Senhor. Um célibe, um viúvo (a), consagrado (a), solteiro que não tem solicitude para as coisas do Senhor ou se torna uma pessoa amarga ou mundana. Não podemos nos esquecer quem ama procura agradar e fazer a vontade da pessoa amada. Por outro lado, um matrimônio é agradável ao Senhor quando os esposos procuram ser solícitos, fiéis, amorosos, sinceros, serviçais, respeitosos um para com o outro. Quando um esposo, uma esposa, procuram agradar o seu cônjuge, nas coisas justas e legítimas, se tornam também agradáveis a Deus.
Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF
Leituras: Dt 18,15-20 / Sl 94 (95) / 1Cor 7,32-35
Evangelho: Mc 1,21-28