A salvação entrou no mundo pelo ventre santo da Virgem Maria
Hoje iniciamos um novo ano, no qual somos chamados a não nos contentar apenas com o passar do tempo, mas que nos ocupemos com a transformação da nossa vida, da sociedade e, por que não do mundo!? Para que haja não somente um ano novo, mas que haja homens novos para um ano novo, com novas atitudes, com uma fé renovada, com famílias transformadas e vidas restauradas pelo amor de Deus.
Não é por acaso que iniciamos o novo ano com a celebração da Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, que ressalta o grande acontecimento da maternidade divina. A maternidade que mudou radicalmente o mundo, através da qual Deus, pela Virgem Maria “deu ao mundo a luz eterna, Jesus Cristo, Senhor nosso” (Prefácio).
Mais importante do que o mero passar do tempo, do que o suceder dos anos, é a disposição para acolher esta “Luz eterna” que a Virgem Maria trouxe ao mundo. O deixar-se envolver por sua graça, por sua salvação.
Ao gerar o Filho de Deus, Nosso Salvador Jesus, a Virgem Maria está a nos dizer que a maternidade é uma grande força capaz de renovar o mundo. Não é por acaso que, em nosso tempo, ideologias perversas como o feminismo, ideologia de gênero, a propagação do aborto, a desvalorização da mulher e tantas outras atacam o valor da maternidade, elemento fundamental da beleza feminina. Porque destruindo a maternidade se destrói o dom magnífico que Deus concedeu à mulher para ser mãe.
Estes ataques à maternidade são um reflexo da profecia do Gn 3, 14, que previu a inimizade entre a serpente e a mulher e sua posteridade. Mas esta serpente que se manifesta de diversas formas ao longo da História da Salvação, não pode sufocar o nascimento do Filho de Deus, não pode ofuscar a maternidade divina de Maria, da qual nasceu Jesus, salvação do mundo.
O tirano Herodes, movido pelo ódio da serpente, bem que tentou sufocar o advento do Filho de Deus, mas os tiranos deste mundo, não podem nada diante do poder de Deus. Assim nasceu Jesus na singela gruta de Belém, adorado pelos pastores e amado pelos seus pais que “deram-lhe o nome de Jesus”. Ou seja, nossa salvação.
A salvação entrou no mundo pelo ventre santo da Virgem Maria que concebeu “À sombra do Espírito Santo”, conservando intacta a sua virgindade. O ódio da serpente não foi capaz de impedir a salvação que vem de Deus. Mas a serpente contínua a lançar o seu veneno, querendo, por todas as formas destruir a dom divino da maternidade. Não podemos nos curvar diante da sua tirania, é preciso valorizar a mulher, a maternidade, a família, a paternidade, o matrimônio. Realidades sem as quais a maternidade fica fragilizada.
Para resguardar a maternidade divina da Virgem Maria, bem como o bem estar do Menino Jesus, Deus colocou ao lado um homem justo, São José, que os acompanhou em todos os momentos, mesmo nos mais difíceis, como a fuga para o Egito. Também hoje para que a maternidade seja valorizada é preciso o surgimento de muitos homens justos como São José, que acompanhem suas esposas na sua gestação, dando-lhes o apoio, o sustento e o carinho de que tanto precisam e merece. Não podemos nos contentar com a triste chaga de tantas mulheres grávidas e tantos filhos que são gerados, sem a presença de um pai, porque este os abandonou.
A solenidade de hoje, a festa da maternidade divina, é um convite, sobretudo aos católicos, para que valorizem a família, valorizem o matrimônio, valorizem a maternidade e a paternidade. Que o matrimônio sacramentalmente constituído seja o lugar natural no qual novas vidas sejam geradas para a transformação do mundo e da Igreja. Embora, quando um novo ser humano for gerado noutras circunstâncias adversas, precisa ser acolhida com todo amor do mundo. Não nos esqueçamos que aqueles que atacam a maternidade, que destroem e assassinam uma nova vida gerada no ventre materno estão se colocando em luta contra Deus, que é o autor da vida.
Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF
Leituras: Nm 6, 22-27/Sl 66 (67)/Gl 4, 4-7
Evangelho: Lc 2, 16-21