Deus não espera de nós menos do que ser santos

Deus não espera de nós menos do que ser santos: “Antes, como é santo aquele que vos chamou, tornai-vos também vós santos em todo o vosso comportamento, porque está escrito: Sede santos, porque eu sou santo” (IPd 1,15-16). Se tivermos que escolher entre ser feliz e santo, escolhamos ser santos. Porque sendo santos certamente seremos felizes. Nunca houve um tempo com tanta gente querendo ser feliz a qualquer, e contraditoriamente marcado por tanta depressão, infelicidade e desalento. Porque não é possível ser feliz sem Deus nem numa vida de pecado. Quando os homens querem ser santos se tornam felizes. Quando querem ser felizes se tornam desiludidos.

Os santos foram e são homens, mulheres, anciãos, jovens e crianças cuja vida falou e fala de Jesus Cristo. Mesmo aqueles que não se notabilizaram pelo discurso, pela escrita ou pela eloquência. Porque a eloquência dos santos é a de uma vida que fala de Deus. A santidade é o discurso por excelência, capaz de tocar a indiferença do mundo contemporâneo. Como afirmou o Cardeal Beato Alfredo Shuster aos seus sacerdotes: “Não tenho recordação para vos deixar a não ser o convite à santidade. Parece que as pessoas não se deixam convencer pela nossa pregação, mas perante a santidade, ainda creem, ainda se ajoelham e rezam”.

A santidade de vida dos fiéis em Cristo é uma pregação que o mundo indiferente e hostil não pode sufocar, não pode calar. Lá aonde não se pode falar de Jesus Cristo, lá aonde não se pode anunciar o evangelho, a vida santa dos santos irrompe como um grito que arma, violência, ameaça ou perseguição alguma pode silenciar. De modo que a verdadeira história do cristianismo é a história dos santos, cujas vidas são o evangelho encarnado.

A vida dos santos testemunham, pois, que o anúncio de Jesus Cristo e do seu evangelho não pode ser silenciado por potência alguma deste mundo. A vida dos santos não falam de si, falam de Cristo. Os santos não vivem para si, vivem para Deus. Ou melhor, é Cristo quem vive neles (Gl 2,20). Os santos enquanto viviam neste mundo já testemunhavam a existência do céu.

Os santos foram homens e mulheres comuns que não se deixaram vencer pelas tribulações deste mundo. Mas que deixaram ser dominados pelo amor de Deus. São aqueles que “Lavaram e alvejaram as suas vestes no sangue do Cordeiro” (Ap 7,14). Ou seja, que não permitiram ser enganados pelas ilusões passageiras deste mundo, que assumiram a cruz da existência, sendo fiéis ao seu batismo até a morte, derramando suas vidas em sacrifício.

Alguns, até o sacrifício de sangue – os mártires. Outros no sacrifício diário da vivência da fé, da esperança e da caridade, procurando gastar as suas vidas com o que de fato é essencial. Como o belo exemplo do jovem beato Carlo Acutis que se questionava: “Não entendo como as pessoas fazem fila para ir a um show, a um jogo de futebol, a uma festa. Mas não fazem fila para ir à Igreja”. Diante disso o que dizer de boa parte da juventude católica que gasta suas melhores energias nas festas e baladas e de sábado à noite. Enquanto poderiam empenhar-se num apostolado junto aos idosos, aos pobres, aos doentes, na evangelização, como nos saudosos tempos que existiam grupos de jovens católicos fortes e comprometidos.

É assim a geração dos que procuram o Senhor!” (Sl 23). É assim a geração dos que querem ser santos, procuram ter mãos puras. Que não se mancham com o crime, mãos que se erguem para louvar o Senhor, mas que também se estendem para ajudar os pequenos. Geração de coração inocente que não se deixa vencer pela anarquia e libertinagem do tempo presente. Que não se deixa prostituir pelo consumismo, pela via da luxuria e da banalização do sexo e da sexualidade. É assim a geração que não dirige sua mente para o crime, que não se permite ser envenenada pelas drogas, pelo recurso à violência, à mentira, à corrupção.

Por fim, enquanto os servos deste mundo procuram se divertir e se entreter até o esgotamento. As vidas santas atravessam este mundo gastando suas vidas pelo amor, procurando o Senhor e sua santa vontade: “É assim a geração dos que o procuram, e do Deus de Israel buscam a face” (Sl 23). É assim a geração dos santos, nossos irmãos, que viveram o seu tempo aqui na terra como uma peregrinação para a Jerusalém celeste, para o céu.

Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF


Leituras: Ap 7,2-4.9-14 / Sl 23 (24) / 1Jo 3,1-3
Evangelho: Mt 5,1-12a