“Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim”. (Mc 1,38)
O mundo sem referência a Jesus Cristo e ao Seu evangelho seria uma realidade totalmente privada de esperança. A vida seria uma luta inútil e sem sentido. O que Jó traduz muito bem, como é próprio da literatura sapiencial: “Meus dias correm mais rápido do que a lançadeira do tear e se consomem sem esperança” (Jó 7,6). Esta era a concepção do homem antes de conhecer a graça da ressurreição futura.
Mas não! A vida de quem crê em Jesus Cristo e no seu poder salvador não é uma luta inútil e sem esperança. Porque onde o anúncio do Seu Evangelho chega aqueles que estavam prostrados se levantam. Os que estão possuídos por espíritos maus são libertos. Por isso Jesus tem urgência em percorrer os povoados, aproximando-se das pessoas, curando, pregando e expulsando demônios. Em nosso tempo são muitos os demônios que precisam ser expulsos pelo poder de Jesus Cristo: o demônio da corrupção, das ideologias de gênero, dos ataques a Jesus Cristo e a sua Igreja, da profanação da vida humana nas suas mais diversas formas, da corrupção das crianças e da juventude, da violência, das drogas.
Ele mesmo diz: “Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim” (Mc 1,38). Vemos esta solicitude de Jesus se prolongar no fervor apostólico de São Paulo, o Apóstolo das gentes: “Ai de mim se eu não pregar o Evangelho!” (ICor 9,16). Ambos sabem que lá onde o evangelho não chega o ser humano continua um escravo dos pecados, das mazelas e vícios.
Por que esta urgência do anúncio? Para que os homens sejam salvos, sejam libertos de uma existência fútil, mundana, sem esperança. Por isso, a mesma solicitude de Jesus Cristo, o mesmo fervor apostólico de São Paulo, precisam ser continuados na vida da Igreja e no testemunho e apostolado dos pastores e leigos, na vida de todo batizado. Pois todo discípulo de Jesus Cristo é chamado a ser portador de esperança para o mundo.
Como discípulos de Jesus não podemos nos contentar nem contemporizar com o mal e o pecado reinantes no mundo. Também sobre nós pesa o encargo do Evangelho, do testemunho, mesmo que nos tornemos estranhos ao mundo, aos seus costumes, aos seus desvios, a sua indiferença. Mesmo que o mundo se torne hostil a nós.
Temos que assumir como Jesus, “Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim”. Ou como São Paulo: “Ai de mim se eu não pregar o Evangelho!” Ao que podemos completar: Ai de mim se eu não acolher o evangelho! Ai de mim se eu não crer e não anunciar o evangelho! Ai de mim se não deixar o evangelho transformar a minha vida. Ai de mim se não levar o evangelho aos meus irmãos!
Não há sob o sol nenhuma outra boa notícia capaz de dar esperança, ao mundo, capaz de dar sentido à vida. Aonde não há real fé e adesão a Jesus Cristo e ao Seu evangelho, o ser humano deposita sua confiança em falsas esperanças: nas drogas, na sexualidade desregrada, no esteticismo (caracterizado pelo culto à própria imagem e a exibição despudorado do corpo), na ambição desmedida, na jogatina, nas falsas religiões. Realidades que jamais poderão dar sentido algum à vida de quem quer que seja. Porque somente Jesus Cristo é a salvação e a esperança do mundo. Fora Dele não há salvação!
Assim, o Evangelho não é um peso para quem o acolhe na fé e dele se faz um servidor. Antes é uma alegria! Enquanto que a vida sem Jesus Cristo, sem Evangelho é uma penumbra, uma escuridão. Sem a luz do evangelho corremos sério risco de atravessar esta vida às apalpadelas, procurando sentido e esperança em tantas ofertas distorcidas, falsas, mentirosas, sedutoras, enganadoras. Jesus já veio ao nosso encontro, Ele está vivo e permanece entre nós, nos seus sacramentos, na sua Igreja. Ele tem sede de nos encontrar, de nos arrancar da escuridão, da desesperança. Corramos também ao seu encontro, arrancados da prostração, coloquemo-nos de pé como servidores do seu evangelho. À exemplo da sogra de Pedro que, uma vez reerguida, colocou-se à serviço dos seus irmãos (Mc 1,31).
Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF
Leituras: Jó 7,1-4.6-7 / Sl 146 (147) / 1Cor 9,16-19.22-23
Evangelho: Mc 1,29-39