Deus nunca nos permite entrar numa tempestade sem que Ele venha em socorro da nossa fé
Jesus nunca ordena aos seus discípulos nada sem que Ele próprio venha em seu socorro. No versículo 22 Jesus ordena aos seus discípulos a entrar na barca, enquanto Ele mesmo foi para um lugar deserto rezar. Porque Jesus sabia entreter-se como os homens pregando, curando, ensinando. Mas continuamente se colocava diante do Pai em oração. Também nós precisamos destes momentos de solidão diante do Senhor, para haurir a força necessária para nos colocar a serviço dos irmãos.
Obedientes, os discípulos entram na barca, mas já longe da margem, sozinhos, a barca é fortemente agitada pela tempestade. Os discípulos se veem assolados pelo medo. Sobretudo, quando veem Jesus vindo andando sobre as águas, a quem eles pensaram ser um fantasma.
É assim, quando estamos no meio da tempestade não estamos sós, o Senhor vem ao nosso encontro. Embora nem sempre O reconheçamos. Na tempestade, na tribulação, na dificuldade, na aflição, na enfermidade, no sofrimento, na solidão, na velhice, nossa fé é provada. De modo semelhante como a tempestade e a agitação do mar colocaram à prova a fé dos discípulos, tais dificuldades submetem a nossa fé à provação.
Nesta narrativa a tempestade suscita nos discípulos alguns sentimentos: primeiro o medo, depois a coragem de Pedro ao pedir para ir ao encontro do Senhor, mas também a dúvida. “Homem de pouca fé, por que duvidaste!” (Mt 14,31). Mesmo quando estamos caminhando ao encontro de Jesus podemos ter momentos de medo, de dúvida, de desviar o olhar do Senhor. Como aconteceu com Pedro. Enquanto Ele seguia olhando para o Senhor, a tempestade continuava, mas Ele seguia andando. Mas quando o medo e a dúvida tornaram-se maiores do que sua fé, começou a afundar.
Este fato tem muito a nos dizer, também, no momento atual, no qual nossa geração está no meio de uma tempestade. Instabilidade política, proliferação de falsas doutrinas, avanço do Islam violento pelo mundo, a difusão das drogas e da pornografia, zombarias contra a Igreja e contra Nosso Senhor Jesus Cristo, forte perseguição aos cristãos no Oriente e no Ocidente, crescimento do paganismo, do ateísmo, uma pandemia que tem ferido de morte a muitos irmãos. Uma tempestade cujos ventos sopram sobre todos. O que fazer? Esperar e confiar em Deus, que nunca nos permite entrar na tempestade sem que Ele venha em socorro da nossa fé.
Neste contexto a fé de muitos crentes pode ser ameaçada pelo medo, pela dúvida, pelo abandono. Porém, a nossa fé tem que ser maior do que tudo isso. Porque o Nosso Senhor e salvador Jesus Cristo está acima de todas as tramas humanas e de todas as forças cósmicas. Ele é o “verdadeiro Filho de Deus” (Mt 14,33).
Mas para permanecermos firmes na fé Nele se faz necessário três coisas: permanecer na sua barca a Igreja, mesmo quando os ventos, as tempestades do mundo se abaterem sobre ela; caminhar em comunhão com os irmãos, sem a pretensão de querer ir sozinho ao encontro de Jesus Cristo. Pois como vimos, à exemplo de São Pedro, quem caminha sozinho ao encontro de Jesus Cristo, acaba sufocado pelos seus próprios medos, a fé cristã não se vive a sós, mas na comunidade dos discípulos.
E por último, ter coragem de clamar o socorro do Senhor na hora da tempestade, do medo, da dificuldade, quando estivermos afundando. À exemplo de São Pedro que clama ao Senhor: “Mas, redobrando a violência do vento, teve medo e, começando a afundar, girtou: ‘Senhor, salva-me!’” (Mt 14,30). Assim, com São Pedro aprendemos o que podemos fazer para nos manter na fé e o que não devemos fazer. O belo de tudo isso é perceber que depois da tempestade e do medo a fé de São Pedro e dos demais discípulos se muito mais forte. Quem permanece no Senhor, em meio às tempestades, saem com uma fé muito mais fortalecida.
Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF
Leituras: 1Rs 19,9a.11-13a / Sl 84 (85) / Rm 9,1-5
Evangelho: Mt 14,22-33