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domingo, 24 novembro, 2024 - 22:54 PM

XV Domingo do tempo comum

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Ser próximo é usar de misericórdia…

Encabeçando os dez mandamentos da lei divina encontramos o seguinte mandamento: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e com toda a tua alma, com toda a tua força e com toda a tua inteligência; e ao teu próximo como a ti mesmo!” (Lc 10, 27). Este preceito divino nos lembra que somos seres relacionais, de comunhão, devido a proximidade de Deus para conosco e da proximidade que devemos ter para com os outros, sobretudo com os pequenos e menos favorecidos.

Partindo deste mandamento e da parábola do bom samaritano, chegamos à compreensão que ser próximo é usar de misericórdia para com aqueles que se encontram em situação de miséria, seja ela moral, espiritual ou material. Usar de misericórdia é reproduzir, ajudados pela graça de Deus, a mesma compaixão que Nosso Senhor Jesus Cristo tem para conosco.

Neste sentido, quando o Senhor nos ordena a amar o próximo, “Vai e faze a mesma coisa” (Lc 10, 36), Ele simplesmente está nos pedindo para reproduzir o que Dele já recebemos. Pois Ele nos amou quando erámos ainda pecadores (cf. Rm 5, 6). Por isso, Nosso Senhor Jesus Cristo é o Próximo, por excelência, da humanidade pecadora. Pois, ninguém mais como Ele usou de tanta compaixão e misericórdia diante do homem pecador.

O inteiro agir de Nosso Senhor é um usar de misericórdia para conosco, pois Ele tudo fez e continua a fazer em vista da nossa salvação, da nossa reconciliação, da nossa conversão.

Usar de misericórdia para como o próximo requer a transformação interior do coração e da alma, pela graça de Cristo. Mas requer também atitudes bem concretas. A primeira delas é colocar-se perto de quem está ferido. À exemplo do samaritano: “Mas um samaritano que estava viajando, chegou perto dele” (Lc 10, 33).

Usar de misericórdia requer, pois, a capacidade de chegar perto de quem está ferido, sem medo, afim de cuidar das suas feridas e restabelecer-lhe a força. Chegar perto de quem está ferido é missão da Igreja e de todos os seus filhos, não importa a espécie da ferida ou de quem está ferido. E são tantas as feridas que fazem sangrar o coração humano: matrimônios fracassados, filhos que foram abandonados por seus pais, injustiças, opressão, violência, vícios, pobreza: material, espiritual e moral, desordens morais de todo gênero.

Não há nenhuma espécie de ferida que não possa ser cicatrizada, curada, pela graça de Cristo. Mas para tal precisamos, como Igreja e com a Igreja, ir ao encontro daqueles que estão feridos. E os que estão feridos, precisam de humildade para deixarem-se ser curados. Já que duas posturas sufocam a misericórdia, a preguiça e a covardia dos que foram alcançados pelo evangelho que os impedem de chegar perto de quem está em dificuldade; e falta de humildade e docilidade de muitos feridos que, por razões diversas, não permitem que ninguém se aproxime de si, nem que toquem em suas feridas. Se esquecendo que para curar as feridas se faz necessário tocar nelas.

Por fim, fazer-se próximo, usar de misericórdia passa por encher-se de autêntica compaixão diante do sofrimento alheio, seja ele quem for, mesmo que seja nosso inimigo. Não permitamos que o sensacionalismo diante do pecado e do sofrimento humano nos torne indiferentes diante do sofrimento alheio. Não permitamos que nossas próprias feridas nos impeçam de sentir compaixão diante das feridas do irmão. Somente usando de misericórdia é que podemos devolver a vida àqueles que estão feridos. Não nos esqueçamos que foi usando de misericórdia até as últimas consequências – a morte na cruz – que Cristo nos reconciliou com Deus, perdoou nossos pecados, curou nossas feridas. Somente a misericórdia que vem de Nosso Senhor pode salvar o mundo.

Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF


Leituras: Dt 30, 1-14 ∕ Sl 68 (69)∕Cl 1, 15-20
Evangelho: Lc 10, 25-37

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