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quarta-feira, 4 dezembro, 2024 - 16:10 PM

XVI Domingo do tempo comum

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“Quem morará em vossa casa?” (Sl 14, 1)

A liturgia da Palavra para hoje destaca a importância do saber acolher a Deus que constantemente nos visita e nos cumula com sua riqueza, com seus dons, com a sua graça. Como ressalta a carta aos Hb 1, 1ss, Deus visitou e falou ao seu povo de muitos modos ao longo da história da salvação, mas nestes dias “que são os últimos” Ele nos falou por meio do seu Filho.

Assim, vemos Deus visitar seu servo Abraão, transformando a esterilidade da sua esposa Sara em fecundidade. O salmista que nos exorta a levar vida digna, afim de que um dia possamos morar na casa Deus, morar em Deus. E, por fim, Jesus que visita suas amigas, Marta e Maria, e as exorta a escolher a melhor parte.

Na primeira leitura, vemos como a visita de Deus é capaz de mudar a esterilidade em fecundidade. Sara não podia conceber, mas Deus a tornou capaz de gerar a vida, porque Ele é o Deus da vida. Este mesmo Deus continua a nos visitar, quer nos arrancar da esterilidade espiritual, do vazio de uma vida sem sentido. Lá onde não há mais vida Deus pode devolve-la, reconstruindo a alegria de viver.

Onde tens buscado alegria? Onde tens gastado sua vida? Talvez vens levando uma vida marcada pela inutilidade, pela desilusão, pelo sem sentido de tantos projetos que tu achavas que fosse lhe trazer felicidade, mas no fim, nada. Não será por que falta Deus? O Senhor continua a nos visitar de tantos modos: na Palavra, na oração, nos sacramentos, sobretudo a Eucaristia. Mas é preciso fazer a vossa parte acolher na fé a Deus que nos visita.

O salmista por sua vez nos indica outro lado da relação com Deus, nos exortando a viver neste mundo de tal maneira que, terminada a nossa peregrinação terrestre possamos entrar nas moradas eternas. Por isso se pergunta: “Senhor, quem morará em vossa casa?” (Sl 14, 1).

O próprio salmista nos responde, morará na casa de Deus: aquele que caminha sem pecado, que pratica a justiça fielmente, que pensa a verdade no seu íntimo, que não solta sua língua em calúnias, não prejudica o irmão, que não cobre de insultos o seu vizinho, que não dá valor ao homem ímpio, que honra os que respeitam o Senhor, que não empresta o seu dinheiro com usura, que não se deixa subornar contra o inocente. Um autêntico programa de vida cristã, através do qual, vamos nos preparando para as moradas eternas, enquanto somos peregrinos no mundo.

Por último somos convidados a escolher melhor parte, estar com Nosso Senhor Jesus Cristo, não apenas acolhendo a sua visita, mas ser capaz deixar as preocupações e certas ocupações de lado para poder estar com Ele, permanecer Nele por toda a vida.

É preciso coragem, decisão, para não permitir que os sofrimentos, infortúnios e preocupações desta vida nos impeçam de acolher Cristo que vem ao nosso encontro. Nesta vida somos chamados a acolher a Nosso Senhor Jesus Cristo pela fé para que, passada esta vida, Ele nos acolha nas moradas eternas.

Claro que não podemos ser negligentes com as obrigações e responsabilidades terrenas, porque temos a missão de ir transformando este mundo segundo os valores do evangelho. Trabalhando por uma política mais justa, que defenda a vida desde a sua concepção; que defenda as famílias, as crianças contra a subcultura de gênero, que tem lançado o mundo ocidental em desordens terríveis ao legitimar desordens morais perversas; que promova a justiça social, socorrendo os mais necessitados; que respeite a liberdade de professar a fé; a estes tipos de regimes ateus e esquerdistas devemos nos opor com veemência e coragem. Que nos empenhemos na promoção de uma cultura fundada na verdade; na promoção de uma economia solidária e do bem comum.

Mas assumir os deveres terrenos, não pode ser pretexto para nos esquecer que somos chamados a ser cidadãos do céu. Não podemos esquecer que aqui somos peregrinos, mas esperamos um dia morar eternamente na casa de Deus. Cristo caminha conosco em meio as preocupações e nos aponta o caminho do céu. Escolhe-Lo e acolhe-Lo pela fé é escolher a melhor parte.

Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF


Leituras: Gn 18, 1-10a∕Sl 14 (15)∕Cl 1, 24-28
Evangelho: Lc 10, 38-42

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