“Senhor, ensina-nos a rezar…” (Lc 11, 1)
Como discípulos de Jesus é com Ele que aprendemos as coisas essenciais e mais importante da vida. É nosso Senhor que nos ensina a orar, a pedir o necessário, nos ensina a viver, a perdoar, a amar, a partilhar, a ser obedientes.
Atendendo ao pedido dos seus discípulos: “Senhor, ensina-nos a rezar…” (Lc 11, 1), Jesus estabelece os princípios fundamentais da oração autêntica ao transmitir-lhes a oração do Pai-Nosso, a mais completa de todas as orações. O primeiro princípio que aparece é o de reconhecer a Deus como Pai, para dizer, é com coração de filhos que temos que nos aproximar de Deus.
Então a oração na sua essência é um diálogo filial com Deus, do qual deriva o sentido da vida, a nossa razão de ser neste mundo. Porque aqui estamos para glorificar a Deus nosso Pai pelo testemunho de uma vida santa, que passa pelo empenho na edificação do Reino de Deus. Reconhecendo a Deus como Pai, necessariamente temos que acolher os outros como nossos irmãos.
Nosso Senhor nos ensina também que podemos apresentar a Deus as necessidades materiais: “Dá-nos a cada dia o pão de que precisamos…”. Prece esta que pode se estender por tantas outras: a saúde, o trabalho digno, a paz, a concórdia, a liberdade, o perdão… São tantas urgências que nossos corações de filhos aflitos depositam todos os dias aos pés de Deus.
A oração autêntica requer ainda que reconheçamos ser pecadores e que, portanto, precisamos pedir perdão e também aprender a perdoar: “…perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também perdoamos a todos os nossos devedores”. Sem perdão não podemos viver, não podemos conviver. Somente podemos perdoar porque em Seu Filho Jesus Cristo o Pai nos perdoou por primeiro. Pois como afirma São Paulo: “Existia contra nós uma conta a ser paga, mas ele a cancelou, apesar das obrigações legais, e a eliminou, pregando-a na cruz” (Cl 2, 14).
Somos, pois, todos devedores do amor de Deus, como devedores deste amor precisamos constantemente perdoar e ser perdoados. Vivemos num mundo profundamente dilacerado por discórdias, por divisões, que quer nos convencer que a violência e o ódio valem a pena, esta é uma mentira absurda. Sem o perdão que recebemos em Cristo, sem o perdão mútuo entre nós a vida neste mundo não tem viabilidade e nem poderíamos alcançar a vida futura.
Como cristãos católicos precisamos estar atentos para não sermos arrastados para a divisão e o ódio entre nós nesta proximidade de pleito eleitoral. Porque são muitos os oportunistas que deturpam a política com partidarismos, transformando-a em instrumento de divisão e de morte.
Que neste cenário cinzento não nos deixemos dominar pelo ódio, contra ninguém, mas façamo-nos defensores intransigentes do bem e dos valores do evangelho, que estão acima de toda e qualquer opção política. Não permitamos que escuridão dos partidarismos políticos, que defendem agendas anticristãs nos roube a lucidez e a clareza que vem do evangelho e da fé da Igreja.
O ódio, o mal, as desordens morais, sociais e políticas que assolam o mundo, o consumismo, a ambição, o sensualismo que assolam o mundo, são tentações enganosas das quais devemos nos precaver na oração, como nos ensina o Senhor: “não nos deixeis cair em tentação”. A tentação, em si, não é pecado, mas aderir a elas, promove-las, é uma traição a Nosso Senhor Jesus Cristo.
Sejamos, portanto, perseverantes na oração, rezando em tempo oportuno e inoportuno. Como o amigo que pede o socorro do outro, mesmo no meio da noite, quando este estava já dormindo. Precisamos aprender a orar, com insistência, pedindo ao Senhor o que convém, noite e dia. Porque “O Senhor não recusa bem algum àqueles que vivem retamente” (Sl 83, 12). Assim como atendeu a súplica de Abraão em favor dos justos que viviam em Sodoma e Gomorra, deixando transparecer que são as vidas dos justos, dos santos, que preservam o mundo da ira de Deus e da ruína causada pelos homens perversos.
Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF
Leituras: Gn 18, 20-32∕Sl 137 (138)∕ Cl 2, 12-14
Evangelho: Lc 11, 1-13