SOLENIDADE DA ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA
“Apareceu no céu um grande sinal; uma Mulher vestida de sol” (Ap. 12, 1)
Entre tantas maravilhas que Deus realizou em Maria, também a preservou da corrupção da morte elevando-a, em corpo e alma, à glória dos céus. De modo que a vida de Maria, do começo ao fim, foi para o engrandecimento de Deus. Em nenhuma outra criatura Deus pode derramar e realizar tantas graças e maravilhas como em Maria.
Por isso ela é sinal de Deus. De modo semelhante, como a fumaça é sinal de fogo, nuvem é sinal de chuva, Maria é sinal de Deus para a humanidade. De modo que, cantar as virtudes de Maria é enaltecer a obra de Deus. O texto do Apocalipse nos fala que “apareceu no céu um grande sinal; uma Mulher vestida de sol” (Ap. 12, 1).
O sinal é uma realidade que sempre aponta para outra ainda maior, Maria nos trouxe Jesus Cristo e nos leva sempre para Ele. Como sinal Maria é para o mundo um reflexo do que pode fazer a graça de Deus. Cristo é o Sol, a Luz da humanidade, é deste Sol que Maria está vestida e revestida. Por isso, a corrupção da morte não pode imperar sobre Ela.
Mas o texto sagrado fala ainda de outro sinal – “um grande Dragão” (Ap 12, 3). Se a Mulher, sinal de Deus, aparece revestida de beleza, de luz, de sol, de vida, de esplendor, o Dragão aparece marcado pela fealdade, pela bestialidade, pela deformidade, sinal de um mundo mal e deformado, que se opõe a Deus e às suas obras. Que se opõe a Jesus Cristo: “O Dragão parou diante da Mulher, que estava para dar à luz, pronto para devorar o seu Filho, logo que nascesse” (Ap 12, 4).
Maria tem luz, é coroada de estrelas, porque em tudo cooperou com a graça de Deus, por isso o Todo-poderoso fez grandes coisas em seu favor (cf. Lc 1, 49). Deus realiza grandes coisas na vida daqueles que cooperam com sua graça. Maria é a primeira na ordem dos cooperadores da graça de Deus. Jesus Cristo, a Graça por excelência, veio ao mundo passando por Maria, porque Deus quis assim.
O destino dos que cooperam com a graça de Deus é a glória dos céus. A Assunção de Maria é a consequência lógica da sua abertura à graça de Deus. Naquela que é a Cheia de Graça, não tem espaço para a corrupção da morte, porque nela habita a Vida – Jesus Cristo.
Pelo contrário, o dragão é o símbolo dos que se opõem à graça de Deus, ao seu projeto de salvação, dos que se opõem a Jesus Cristo. Por isso sua fisionomia é disforme, é bestial. O homem sem Deus, sem sua graça, perde a sua beleza, a sua dignidade, vai aos poucos sendo dominado pela fealdade, se deforma, perde a luz que vem de Jesus Cristo.
A difusão de uma cultura do ridículo, da fealdade no vestir, no agir, no ornar-se, no falar, nos diversos modos de mutilação do corpo, no divertir-se com o que não é divertido, manifesta, em certa medida, a oposição do homem a Deus que lhe comunica a beleza da vida na graça. Primar pela beleza nestas dimensões e noutras é também refletir no mundo o rosto de Jesus Cristo, à exemplo de Maria.
Por fim, Maria é presença transformadora de Deus no mundo, e presença intercessora nossa no céu. Não é por acaso que Izabel exclama: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar?” (Lc 1, 45). Maria é bendita, agraciada por Deus, malditos são aqueles que amaldiçoam, Aquela da qual Deus fez grandes coisas em seu favor. E através Dela fez grandes coisas em favor de toda a humanidade.