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quinta-feira, 21 novembro, 2024 - 05:57 AM

XXIV Domingo do Tempo comum

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“Senhor, quantas vezes devo perdoar…?” (Mt 18, 21)

Entre todos os homens não há que não precise ser perdoado, ser reconciliado. Este constitui um dos elementos essenciais do ser cristão católico, uma vez que, tornar-se cristão, é ser alcançado pelo perdão que o Senhor nos concedeu ao entregar sua vida na cruz, saldando a dívida do pecado que pesava sobre todos nós (cf. Cl 2, 14).

Todos nós nascemos pecadores e feridos pelo pecado original, de modo que todos precisamos do perdão que vem de Deus. Desconsiderar este fato, como tem sido comum na modernidade, tem trazido consequências desastrosas para a humanidade. Porque o homem abandonado às suas inclinações naturais, sem o devido auxílio da graça de Deus, se embrutece dominado pelo ódio, pelo rancor, pela ambição, pela sensualidade.

Não é por acaso que a depravação moral, a incapacidade de viver em comunhão e harmonia com o próximo tem chegado a níveis insuportáveis. O homem sem a graça de Deus, sem o perdão, sem deixar-se reconciliar-se com Deus, com o próximo, com a criação, é tomado por uma corrupção destruidora.

O perdão que recebemos de Deus em Cristo não se separa do perdão que, tantas vezes devemos dar e receber dos nossos irmãos. Quem não está aberto a perdoar o irmão, simultaneamente se fecha para receber o perdão que vem de Deus. Assim nos adverte a Palavra de Deus: “Se não tem compaixão do seu semelhante, como poderá pedir perdão dos seus pecados?” (Eclo 27, 4). Quando Deus nos perdoa Ele nos ensina a perdoar. Neste sentido, o sacramento da confissão é a mais autêntica escola de perdão. Nele somos perdoados por Deus, dele devemos sair para perdoar.

Que não nos aconteça como o empregado da parábola que, tendo recebido a graça do perdão do seu patrão não foi capaz de perdoar uma dívida muito menor do seu companheiro. Isto lhe resultou numa severa condenação, nos dando a indicação que quem recebe o perdão de Deus, mas não se dispõe a perdoar está trilhando um caminho de condenação.

Quantas vezes nos aproximarmos do sacramento da confissão, movidos por arrependimento sincero, tantas vezes seremos perdoados. Neste sacramento se cumpre o que Deus diz a Pedro no evangelho: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete” (Mt 18, 21). Tendo em vista que o perdão é a mais alta expressão da bondade divina para conosco, ele não tem limite. Porque a bondade de Deus é sem limites.

Não resta dúvida que perdoar não é tarefa fácil, porém temos que dizer, é uma tarefa possível com o auxílio da graça de Deus. Por isso o Senhor nos ensinou a pedir na oração: “Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”.

Pensemos nas situações de filhos magoados com seus pais por terem destruído a família ou porque foram abandonados pelos mesmos. Filho que levam uma vida desordenada tornando-se odiosos aos seus pais. Cônjuges que estão em situação de inimizade devido ao fim desastroso do matrimônio. Colegas de trabalho que não se falam mais devido aos conflitos, as maledicências, as calúnias, as fofocas. Os irmãos que estão divididos devido a intrigas políticas ou por motivos de controvérsia religiosos.

Estas e tantas outras são situações que somente o perdão pode curar, não há outro caminho. Todos caminhamos para a morte, e coisa terrível é morrer em estado de inimizade com Deus e com o próximo. Daí a exortação da Palavra de Deus: “Lembra-te do teu fim e deixa de odiar; pensa na destruição e na morte e persevera nos mandamentos” (Eclo 27, 7).

Diante disto, nos resta dizer, não tardemos em perdoar e em pedir perdão. Deus nos perdoa não porque merecemos ou porque somos bons, mas porque Ele é bom. Também não perdoamos os outros porque sejam bons ou porque merecem, mas apoiados na bondade de Deus, que ao nos perdoar nos torna melhores do que somos. Ademais perdoar é triunfar sobre o mal, é não se deixar vencer pelo mal, como nos exorta São Paulo (Rm 12, 21).

Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF


Leituras: Eclo 27, 33-28, 9/ Sl 102 (103)/ Rm 14, 7-9
Evangelho: Mt 18, 21 – 35

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