A pertença a Cristo requer o empenho para fazer o bem
Todo bem realizado no mundo se refere a Nosso Senhor Jesus Cristo, porque Ele é o Sumo bem. Neste sentido aquela centelha de bem que todos os homens carregam no coração, em maior ou menor proporção, mesmo naqueles que ainda não tem o dom da fé, é uma porta aberta pela qual Cristo pode entrar em suas vidas. Ou seja, aqueles que tem fé a testemunham pela prática da caridade, aqueles que ainda não creem, ao praticar o bem mantém aberta a porta para fé, e veladamente prestam um louvor a Cristo.
Os discípulos se escandalizam por verem um homem desconhecido realizando um bem em nome de Jesus Cristo, porque este não pertencia ao grupo dos discípulos: “Mestre, vimos um homem expulsar demônios em teu nome. Mas nós os proibimos, porque ele não nos segue” (Mc 9,38). Mas Jesus os corrige: “Não o proibais” (Mc 9,39), porque mesmo o bem realizado por aqueles que não creem se refere a Nosso Senhor Jesus Cristo. Os dons são de Cristo confiado aos homens, não são propriedades dos discípulos. E Jesus distribui os seus dons, o seu Espírito como lhe convém.
Ora bem, se mesmo aqueles que não creem no Senhor podem expulsar demônios em seu nome, podem realizar atos de bondade, de filantropia, quanto bem podem realizar no mundo aqueles que Nele creem!? Não se justifica uma vida estéril de bem, de bondade, de misericórdia, de serviço por parte daqueles que acolheram a Cristo pela fé.
Se aqueles que praticam o bem sem conhecer a Cristo prestam honra ao seu nome, quão grande não deve ser o louvor das boas obras daqueles que Nele creem!? É dentro desta perspectiva que Jesus exorta aos seus discípulos o empenho para eliminar do seu meio tudo aquilo que é causa de pecado e de escândalo. Pois aqueles que tem fé encontram-se em melhores condições para praticar e perseverar no bem em testemunho do nome do Senhor que carregam, pois contam com o auxílio da graça de Deus. Pois, cristão é aquele que carrega o nome de Cristo no seu nome e na vida.
Enquanto que o contratestemunho dos que creem em Cristo obscurece a vista dos incrédulos e desorienta os fracos na fé. Enquanto que todo bem realizado em favor dos que são de Cristo e dos pequenos não ficará sem recompensa.
Assim, não cessemos a luta para eliminar o mal e o pecado que tantas vezes quer dominar sobre nossa vida. Cuidemos de nossas mãos para que elas sejam para o trabalho e para o louvor de Deus, não para o pecado. Orientemos nossos pés para que nos façam percorrer os caminhos que são de Deus, desviando-nos do caminho dos ímpios e dos zombadores. Pois quem desvia do caminho dos ímpios é feliz: “Feliz o homem que não vai ao conselho dos ímpios não para no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores” (Sl 1,1).
Vigiemos sobre o nosso olhar para que esteja voltado para Deus e para o próximo, para que estejamos atentos ao bem que devemos fazer. Que não atraia o nosso olhar o que é vão, o que é vulgar, a cobiça. Que o desejo dos nossos olhos seja o de ver a glória de Deus.
A pertença a Cristo requer o empenho para fazer o bem por um lado e o combate contra o mal e o pecado em nós e fora de nós por outro. Se fazer o bem aos que são de Cristo já nos faz dignos de uma recompensa, ser de Cristo nos abre uma graça ainda maior, a de ser filhos de Deus, herdeiros do céu, obreiros do bem e da verdade neste mundo.
Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF
Leituras: Nm 11,25-29 / Sl 18 (19) / Tg 5,1-6
Evangelho: Marcos 9,38-43.45.47-48