O ser humano não pode viver sem amor

O ser humano não pode viver sem amor, esta é uma verdade afirmada por tantos santos e pensadores, e ela é verdadeira. Se compreendemos que “Deus é amor”, como nos diz João (cf. IJo 4, 16), é o mesmo que dizer, o homem não pode viver sem Deus. Não é por acaso que na escala dos mandamentos o amor a Deus e ao próximo ocupam o primeiro lugar.

O ponto de partida deste amor que nos dá a vida, funda-se no fato de termos sido amados por primeiro: “Quanto a nós, amemos, porque ele nos amou primeiro” (IJo 4, 19). Ou seja, antes que esboçássemos qualquer atitude amorosa para com alguém, nos precede sempre o amor de Deus. É Deus quem infunde em nós a caridade, dando-nos a capacidade de amar. Sem referência a Ele estamos sempre mais propensos ao ódio, à vingança, a querer que os outros nos amem.

Assim, o amor de Deus nos salva das nossas próprias más inclinações, nos ajudando a substituir nossa expectativa de sermos amados pelas pessoas, pelo empenho sincero em amá-las. O amor de Deus por nós é o único que não frustra as nossas expectativas, pois, se trata de um amor gratuito, incondicional, generoso.

O amor de Deus por nós não se trata de uma ideia, uma filosofia, mas é uma Pessoa – Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele é o amor de Deus encarnado. Não podemos duvidar do amor de Deus: “Pois Deus amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha vida eterna” (Jo 3, 16). Assim, o amor de Deus por nós não é um discurso, é um fato, uma realidade.

O amor de Deus por nós tem um rosto e pede de nós uma resposta. Amor se responde com amor. Nosso amor a Deus passa pelo o amor ao próximo. De modo, que se não nos empenhamos para amar a Deus acima de todas as coisas e o próximo, somos loucos, pois sem amor não podemos viver. Sem amor ninguém se salva, pois, somente o amor pode gerar a vida, enquanto o seu oposto – o ódio – gera morte e destruição.

O amor que Deus nos pede nos compromete por inteiro, como bem expressa o mestre da Lei no evangelho que acabamos de ouvir: “Amá-lo de todo o coração, de toda a mente, e com toda a força, e amar o próximo como a si mesmo é melhor do que todos os holocaustos e sacrifícios” (Mc 12, 33). Porque, amar é o mais elevado, mais belo e fecundo de todos os sacrifícios.

Devemos amar a Deus de todo o nosso coração, ou seja, com todo afeto e sentimento. Deixando Deus ocupar o centro dos nossos desejos, das decisões, para a partir Dele ordenar todos outros amores. De modo que aquilo que contradiz o amor de Deus, não pode encontrar morada aí.

Amar a Deus “de toda a mente”, modelar nossa maneira de pensar e julgar segundo o amor de Deus. Procurar interpretar os acontecimentos, a vida, o mundo, as alegrias, as tristezas, os sucessos e os fracassos segundo a lógica deste amor. Que vicissitude alguma pode apagar ou enfraquecer. Nem a morte foi capaz de matar o amor, porque na cruz o Amor venceu a morte.

Amar a Deus “com toda a força”, com as virtudes, com a vontade. Porque os vícios são contrários ao amor a Deus, antes são graves sinais da ausência de amor. Amar a Deus e ao próximo é também resultado de uma decisão pessoal. Talvez esta seja a decisão mais importante da nossa vida. Pois quando decidimo-nos pelo amor, pela caridade que Nosso Senhor Jesus Cristo nos comunicou, somos libertos do espírito de vingança, do ódio, do rancor, da soberba, do pecado e da morte.

Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF


Leituras: Dt 6,2-6 / Sl 17 (18) / Hb 7,23-28
Evangelho: Marcos 12,28b-34