“Vem participar da minha alegria” (Mt 25,33)
Que convite consolador dirige o Senhor àqueles operários do amor que multiplicaram e multiplicam os seus dons no mundo: “Vem participar da minha alegria” (Mt 25,33). Este é o prêmio dos justos, participar da alegria do seu Senhor. Enquanto que para aqueles que se deixaram dominar pela preguiça, sufocando os dons de Deus em suas vidas, está reservada não a alegria, mas a escuridão, o choro e o ranger de dentes (cf. Mt 25,30).
Entres os quais queremos estar? Entre os convidados a participar da alegria do Senhor? Ou entre os preguiçosos que tem medo de Deus? Temos que responder a estas perguntas com a vida. Fazer multiplicar na Igreja e no mundo os talentos que Deus nos deu é uma decisão de amor, a ser vivida na bondade e na fidelidade.
Porque é assim que o Senhor se dirige aos que multiplicaram os seus talentos: “Muito bem, servo bom e fiel! Como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha alegria” (Mt 25,23). Quem administra seus dons, seus talentos, seus bens materiais segundo a lógica de Deus, torna-se consequentemente herdeiro do céu. Entre esses bens ocupa um lugar de destaque a bondade.
O cristão católico é um administrador da bondade de Deus no mundo. Aqui vale lembrar que ninguém é bom para si mesmo, se somos bons o somos para os outros. A bondade é uma disposição interior de, em tudo, procurar o bem do próximo, o bem do outro. De modo que a bondade é uma ponte que nos coloca em comunhão com todos os homens. Aqueles que administram a bondade de Deus para os seus irmãos, aliviando a sua fome, suas dores, sua pobreza, esclarecendo a sua ignorância a respeito das coisas da fé; este participará eternamente da bondade de Deus, entrará na alegria do seu Senhor.
A segunda qualidade dos que haverão de participar da alegria eterna junto de Deus são aqueles que foram fiéis a Deus nesta vida. “Muito bem, servo bom e fiel!” Conquista os bens eternos aqueles que são bons para com os homens e fiéis para com Deus. A fidelidade a Deus na oração, na Eucaristia, no amor, na adoração, no serviço. Não se permitir substituir a submissão a Deus pela submissão a nenhum ídolo ou ideologia perversa deste mundo. Os que guardam a fidelidade a Deus verão a sua glória.
Por outro lado, não pode herdar o Supremo Bem, a Suprema Bondade – Deus – aquele que se negou a operar o bem nesta terra. Não pode participar da alegria eterna, quem se negou a consolar os tristes deste mundo. Aquele que enterrou os talentos que Deus lhe deu seja por medo, por maldade ou por preguiça, que se fechou no seu mundo, não se habilidade a participar da alegria eterna. Quem se deixa dominar pela maldade e pela preguiça, sobretudo para com Deus, torna a sua vida inútil.
O preguiçoso não é dominado pelo amor, mas pela covardia, pelo medo: “Por isso fiquei com medo e escondi o teu talento no chão” (Mt 25,25). Diante Deus não serve o medo, nos serve o amor e temor de não ser fiel aos seus dons. Quantos fogem de Deus por medo, por covardia, por ignorância!? Quantos se negam a assumir uma vocação ao sacerdócio, à vida religiosa, através da qual poderiam realizar tanto bem no mundo, por covardia!? Quantos se negam a assumir uma vocação matrimonial, através da qual poderiam também fazer tanto bem, mas não o fazem por covardia!? Quantos se negam a assumir sua condição de batizados, de católicos, de discípulos de Jesus Cristo, se negando a dar sua contribuição para a evangelização do mundo!?
A estes está reservada uma severa reprovação: “Servo mal e preguiçoso… Quanto a este servo inútil, jogai-o lá fora, na escuridão. Aí haverá choro e ranger de dentes!” (Mt 25,26ss). Sejamos úteis aos irmãos, sejamos úteis à Igreja, sejamos úteis à humanidade. Para que no fim da vida o Senhor possa nos dizer: “Muito bem, servo bom e fiel!… Vem participar da minha alegria!” (Mt 25,23). Este convite está reservado para aqueles que deixam o seu coração arder de bondade para com o próximo e de fidelidade para com Deus.
Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF
Leituras: Pr 31,10-13.19-20.30-31 / Sl 127 (128) / 1Ts 5,1-6
Evangelho: Mt 25,14-30