A Assembleia Plenária da Comissão Pontifícia para a América Latina, reunida entre os dias 6 e 9 de março passado, com o tema “A mulher, pilar na edificação da Igreja e a Sociedade na América Latina”, entregou esta semana os textos de conclusão e recomendações.
Cidade do Vaticano
Segundo Dr Guzmán Carriquiry, secretário da Pontifícia Comissão para a América Latina, o resultado é de grande importância como serviço ao Santo Padre, às Igrejas na América Latina, às mulheres e aos nossos povos e a todos os que se interessam e empenham no reconhecimento de sua dignidade e de seu suporte na construção de sociedades mais humanas.
O Vatican News evidencia alguns pontos levantados pelo secretário para a conclusão e recomendações da Plenária:
Que seria da Igreja sem as mulheres? Certamente, o tema sobre as mulheres, as mulheres do Concílio Vaticano II até hoje, tiveram tantos momentos importantes no magistério eclesial, basta pensar tudo isto que foi escrito como encíclica, como carta e documentos por João Paulo II.
Devemos ter consciência da dignidade da mulher, da sua liberdade, dos seus direitos e dos seus anseios, mas ao mesmo tempo a carga carregada por todas as discriminações e violência que sofrem. A questão da mulher se tornou uma questão central na transformação cultural que estamos vivendo e adquiriu uma questão de civilidade. A relação entre os sexos, a vida matrimonial e familiar, todas as instituições, a Igreja e tudo mais permanece interpelado pela emergência da mulher na vida da nossa sociedade.
A realidade da América Latina é ainda muito marcada pelo machismo, e o rosto pior deste machismo se vê na violência que sofre a mulher, violência física, psicológica e sexual, até o homicídio. É uma violência muito presente na realidade latina-americana. Quantas adolescentes grávidas? Quanta irresponsabilidade do homem? A mulher se torna objeto de consumo sexual, como a prostituição ou o tráfico humano. Atá mesmo na pobreza, o contingente mais sofrido são o das mulheres, mais empregadas nos trabalhos informais.
Existem também sinais muito positivos, pois as mulheres são as que mais se matriculam nas redes de universidade. Temos mulheres em todas as áreas profissionais. Mulheres que ocupam grandes postos políticos, como presidentes da república.
Nós nos perguntamos também sobre a imagem das mulheres verdadeiramente emancipadas e modernas que se difundem através da revolução mediática contemporânea, se é modelo de alta sociedade, de consumo e de espetáculo, se é verdadeiramente o modelo de nosso desenvolvimento na América Latina. Trata-se de uma mulher verdadeiramente emancipada, uma mulher quase sempre estéril ou que busca desesperadamente a maternidade e busca através da ciência, do mercado, que afirma o direito sacrossanto do aborto, que é um crime abominável e que termina sempre na publicidade para ser objeto de mercado?
Temos um continente mariano, como a América Latina. É preciso aprofundar a pesquisa teológica, antropológica e filosófica desta unidade, nesta complementariedade. As mulheres são a maioria do povo cristão na América Latina, são elas que enchem as nossas igrejas, mas ainda não receberam a devida consideração. É preciso ainda reconhecer o valor eclesial das mulheres, como disse o Papa.