A história dos povos tem momentos de paz e outros de conflitos. A paz revela aliança assegurada, porque implica harmonia diante dos diversos interesses das pessoas e de grupos. Os conflitos são identificados como quebra de unidade, de aliança ferida, e dificuldade para as pessoas se relacionarem. A capacidade para construir a fraternidade é o fio condutor para a boa convivência.
Aliança, na visão bíblica, significa vínculo de unidade e confiança em Deus. No Antigo Testamento ela era uma realidade muito clara para o povo de Deus e fazia parte das motivações que conduziam sua peregrinação. Revoltar-se contra Javé era “quebrar” a aliança e fugir do caminho certo. Foi o que aconteceu com o povo judeu, tendo que enfrentar os sofrimentos do Exílio da Babilônia.
Nos novos tempos, a aliança passou a ser sinal visível e sensível da vida matrimonial, de unidade e convivência de duas pessoas nos compromissos do casamento. Colocar aliança no dedo significa responsabilidade e cria vínculos jurídicos com o outro, que faz o mesmo. Acontece que essa aliança pode ser “quebrada” e trazer consequências drásticas para os envolvidos na instituição.
Deus fez aliança com um povo e foi fiel nas suas decisões, porque não o abandonou nos momentos de infidelidade. Criou com ele um vínculo duradouro, que continua também nos tempos de então. É vínculo apoiado num projeto de libertação, de esperança cristã e fundamentado em Jesus Cristo, que reforça a soberania Dele como Criador, como Redentor e Senhor da história.
Na real concretização da aliança de comprometimento com os ensinamentos de Deus pode acontecer o perigo do apego a situações secundárias. Isso revela falta de discernimento em relação ao que é duradouro ou não. A Palavra de Deus tem dimensão de eternidade, porque consegue fazer das coisas realizadas diariamente instrumentos de elevação do sentido pleno da vida humana.
Praticar uma vida de aliança com Deus implica vivência das virtudes teologais: da fé, da esperança e da caridade. Com essas dimensões, a pessoa consegue mais habilidade para agir nos espaços públicos, nos lugares onde o testemunho de vida cristã deve fazer a diferença, humanizando as relações na convivência. No advento e preparação para o Natal o fiel deve superar suas infidelidades.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG) e Administrador Apostólico da diocese de Formosa (GO).