Em 2016 o Papa Francisco instituiu um dia de misericórdia, dando a ele o nome de “Dia mundial dos pobres”, que deve ser celebrado no 33º Domingo do Tempo Comum. A intenção é de oportunidade para reflexão sobre a pobreza, que constitui caminho de identidade para muita gente. No Evangelho os pobres são colocados como preferidos de Deus e alvos da ação de Jesus Cristo.
Estamos quase terminando o Ano Litúrgico, encerrando também o Ano do Laicato, com os olhares voltados para o fim do Ano Civil. Em tudo isso perpassa a ideia de dever cumprido, mas chegada de novos tempos, vida nova e ano novo. Como diz o ditado “e a vida continua”, mas cobrando do povo novas posturas na construção da história, porque ela não pára e deve ser cada vez mais dinâmica.
Falar de pobre não significa falar de opressão e sofrimento, porque essa não é a proposta do Criador. Jesus fala que “os pobres sempre tendes convosco, mas a mim não tereis sempre” (Mt 26,11). Então, pobre é um estado de vida com característica de humildade, simplicidade, mas dignidade e sabedoria. A real felicidade é mais cristalizada na pobreza do que na riqueza e orgulho existencial.
O Papa Francisco tem insistido numa Igreja missionária, que vá ao encontro dos pobres das periferias, mas preocupado com periferias existenciais. Está nessa realidade a principal pobreza, isto é, a ignorância, a falta de evangelização e de esperança, às vezes a falta de condições econômicas. São pessoas perdidas e fragilizadas na estrutura de vida e de fé, sem suporte para caminhar.
Falar do “Dia mundial dos pobres” é colocar em evidência a necessidade de anúncio do Evangelho nas condições do mundo de hoje. A pobreza se ramifica em diversas formas na cultura moderna. Essa variedade de vida deve ser atingida pela Palavra de Deus para estimular as pessoas na construção da verdadeira dignidade. É ser contra a Palavra a conivência passiva diante do sofrimento.
Os pobres normalmente são pessoas de esperança, mesmo vivendo numa situação de sofrimento. Ficam na expectativa de ser cumprida a prática da justiça entre os homens, contando também com a solidariedade e o amor de Deus. Não são pessoas desanimadas da vida, porque conseguem caminhar ancoradas e firmes nas propostas anunciadas na mensagem do Evangelho do Senhor.