Ao tratar do tema “vocação”, no mês de agosto, há sempre a descoberta de que toda a Igreja é vocacionada, chamada para o exercício e a proclamação da Palavra de Deus no mundo. Mas a vocação exige disponibilidade, desapego e entendimento de que a mensagem de Jesus Cristo é dinâmica. Sem isso ficamos confinados em redomas que não permitem a construção real do Reino de Deus.
A vida e o ministério sacerdotal têm uma grande afinidade com a comunidade. Mas o padre não pode ficar restrito e preso num determinado ambiente, porque estaria limitando a riqueza da ação do Espírito Santo. Esse entendimento tem que ser percebido também pelas comunidades cristãs, que às vezes “brigam” pela permanência do padre sem olhar por outras comunidades carentes de padre.
Ficar muito tempo numa mesma paróquia faz acontecer a mediocridade, o desânimo e tudo não passa da mesmice. Com muita facilidade nos acostumamos, nos adaptamos e nada de novo acontece. Até vejo como sabedoria de Deus o pedido de que os párocos não fiquem mais de seis anos numa paróquia. Isso significa atitude missionária, estar sempre indo a novas frentes de trabalho.
Todos nós sabemos que não é fácil mudar. Supõe desapego, enfrentamento de novas realidades, mas também oportunidade para crescimento na vida. Na maioria dos casos, os frutos das mudanças são reveladores da importância do dinamismo na vida sacerdotal, como também na vida de uma comunidade paroquial. Estamos numa cultura que dá passos galopantes para o futuro.
Devemos entender que a vocação sacerdotal não é uma profissão, mas um ministério a serviço da Igreja. Nenhum padre foi ordenado para uma paróquia, mas para estar a serviço de sua Igreja Particular. Para isso ele necessita de disponibilidade num vida de liberdade e atender aos pedidos que lhe são feitos na ação pastoral.
A vocação exige entrega para o serviço, porque é um dom que deve ser praticado também como dom. Não é um funcionalismo vazio, mas fundamentado numa experiência fecunda de intimidade com Deus. Só assim o padre se torna realmente missionário e aberto para exercer seu ministério onde lhe foi pedido. Significa que a comunidade também deve ter o espírito missionário.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Administrador Apostólico de Formosa