Dizemos que Deus escolheu um povo para ser o seu “povo eleito”. Mas a escolha não ficou restrita e hermética nesse ambiente. Os pagãos, os chamados gentios também eram povo de Deus, mesmo vivendo numa cultura de politeísmo, de adoração a deuses inexistentes. Quem mais se aproxima de Deus e cria intimidade com Ele deve agir como testemunha de fidelidade aos seus ensinamentos.
O grande escolhido de Deus é Jesus Cristo, que veio, não para instituir uma empresa de negócios, mas uma Igreja onde deve reinar a fraternidade, o amor e a convivência. Nela não deve existir quem manda e quem obedece, mas sim funções diferentes de acordo com a vocação recebida, para o bem da coletividade. À Igreja é confiada a missão primordial de anunciar o Evangelho do Reino.
A Igreja é espaço de vida comunitária, onde os diferentes devem ser capazes de conviver fraternalmente. É inadmissível espaço para a exclusão, mas sim local de compromisso e de participação com responsabilidade. Ainda há comportamentos que não condizem com os reais ensinamentos da vivência cristã. Isso é sinal evidente de que os diferentes não são tratados com caridade e amor fraterno.
Em todos os tempos aparecem grupos que participam da vida de Igreja, mas agem com autoritarismo e se acham os únicos conhecedores da verdade e procuram impor seus próprios critérios. Parece que isso não ajuda na trajetória cristã, e causam divisões, dificultando a eficácia do anúncio da Palavra. É uma diversidade que não consegue enxergar a riqueza presente nos diferentes.
Os ensinamentos de Jesus Cristo têm uma universalidade, porque Deus não faz nenhuma acepção de pessoas e nem é excludente. Todos nós somos criados à sua imagem e semelhança, mas temos que agir com atos de responsabilidade. Em cada ser humano que ama, porque foi criado com capacidade para amar, está o lugar da presença de Deus no mundo.
Nas escolhas feitas por Deus podemos enxergar a riqueza da diversidade entre os humanos. Parece que existem preferências que nem conseguimos entender. Digo isto porque muitos cargos e funções são colocados nas mãos de pessoas despreparadas e com poucos dons para o exercício da missão. Dizemos o ditado: “Deus não escolhe os capacitados, mas Ele capacita os escolhidos”.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba