Amados irmãos e irmãs,
Salve a Santíssima Virgem Imaculada!
01.A Santa Igreja Católica, presente no mundo todo, por obra e Graça de Deus, é o esplendor do Ressuscitado que vive entre nós. Neste mundo a Igreja será sempre a expressiva antecipação da Jerusalém Celeste. Somos filhos da Igreja pelo batismo nas águas salvíficas que nos conferiram o dom da participação no Mistério da Salvação inaugurada pelo Senhor Jesus.
02.Cristo estabeleceu que na Igreja pudéssemos contar com seus dons sacramentais através dos seus pastores e a dotou de homens varonis para que, na pessoa do mesmo Cristo, agissem como mestres, juízes, pastores e guias, “in pessona Christi”, na pessoa do mesmo Cristo. As leituras que acabamos de ouvir nos apontam o que são os pastores da Igreja, suas atribuições e seu significado. Os sacerdotes na Igreja são indispensáveis, somente o padre pode nos dar Jesus Eucarístico e a Misericórdia do perdão sacramental. O Bispo, na Igreja, é o grande sacerdote, o moderador dos meios e caminhos de santidade do clero e do povo de Deus.
03.Hoje a Igreja Particular de Formosa recebe seu 5º. Bispo. Trata-se de um momento distinto, ovacionado pela beleza da liturgia e da piedade dos fiéis que acolhem e rezam pelo seu novo pastor. Falemos um pouco da figura do Bispo, cuja missão é exigente e lhe impõe grande responsabilidade de guardião da fé, dos costumes e da disciplina eclesiástica, sendo ele o primeiro a caminhar para o martírio, se preciso for, em nome de Cristo, para defender a fé e a Igreja. Nesses tempos difíceis de frieza e tibieza, a Igreja sofre e chora pelos escândalos de sacerdotes que ubicaram suas vidas no próprio egoísmo e na idolatria de seus desejos. Grande dor e grande desafio a ser enfrentado com justiça, pois os fiéis não podem ser vítimas dos maus pastores denunciados pela Sagrada Escritura e tantos santos, dentre eles Catarina de Sena no seu livro O Diálogo.
04.”Na Igreja o Bispo possui o poder de ensinar todas as gentes, de santificar os homens, na verdade, e de apascentá-los. Por isso os Bispos, pela força do Espírito Santo que lhes foi dado, tornam-se verdadeiros e autênticos mestres da fé, pontífices e pastores”. Quando o Bispo celebra com o seu povo, cumpre uma tarefa primordial, inscrita no coração de seu ministério episcopal. O Bispo é antes de tudo, um celebrante e um mistagogo e isso lhe deriva da natureza sacramental do episcopado.
05.A missão de santificar está no meio, entre a de ensinar e a de governar, em posição central, como eixo e, ao mesmo tempo, coração de todo o ministério episcopal. Para compreender o peso e a substância disso, é necessário retornar à sacramentalidade do episcopado e à função primordial do Bispo como guarda do mistério da Igreja, como estabeleceu a eclesiologia do Concílio Vaticano II.
06.O episcopado é um sacramento, o terceiro grau da Ordem. O Concílio Vaticano II restituiu ao episcopado sua verdadeira dignidade ou, mais profundamente, o seu significado sacramental e seu mistério. “O Santo Sínodo ensina, pois, que com a consagração episcopal é conferida a plenitude do sacramento da ordem que, tanto pelo costume litúrgico da Igreja como pela voz dos Santos Padres, é chamada o sumo sacerdócio, o ápice do ministério sagrado (LG 21).
07.O episcopado, portanto, é a forma plena e primeira do sacerdócio ou do ministério sacro. A ordenação episcopal não acrescenta um grau ou um poder suplementar às ordenações precedentes, mas confere simplesmente o único sacramento da ordem do qual participam os presbíteros e os diáconos. O ministério ordenado por excelência é o do Bispo.
08.Na ordenação episcopal há o rito da entrega do anel, que poderia parecer de menor importância, mas seu significado, como é definido pelas palavras explicativas que o acompanham, permite-nos entrar no coração sacramental do episcopado e no munus sanctificandi que dele deriva: Recebe o anel, símbolo da fidelidade; e, com fidelidade invencível, guarda sem mancha a Igreja, esposa de Deus. Não pode haver mal-entendidos: Não é o Bispo o esposo da Igreja; ela é “sponsa Dei” porque Deus desposou a Igreja por meio de seu Verbo feito carne. O Bispo é um guarda, um “episkopos” desse mistério da Igreja. O anel que o Bispo leva no dedo não remete primeiramente a ele mas à Igreja e a Cristo que é seu Esposo. É certo que o anel é um sinal de fidelidade, mas trata-se da fidelidade da Igreja e da pureza de sua fé. Poder-se-ia dizer que é o anel de uma aliança que lhe é confiada não como sua e sim da Igreja. É missão do Bispo velar para que a Igreja seja no mundo, do modo mais perfeito possível, a esposa pura de Deus e de Cristo. O ministério do Bispo é semelhante ao de João Batista que dizia: “Quem tem a esposa é o esposo; mas o amigo do esposo, que está presente e o escuta, exulta de alegria quando ouve a voz do esposo (Jo 3, 29).
09.“O Bispo, revestido da plenitude do sacramento da ordem, carrega consigo a responsabilidade de distribuir a graça do supremo sacerdócio, em particular na Eucaristia” (LG 26). A Eucaristia, que é como a síntese de toda a obra litúrgica, é o condensado simbólico e eficaz da missão episcopal. Podemos nos perguntar: onde se encontra o coração do mistério e da aliança nupcial entre o Senhor e a Igreja? Qual é o sinal que revela e manifesta a profundidade desta aliança? Esse mistério está todo inteiro na celebração da liturgia. O Bispo é revestido da plenitude do sacerdócio, é o administrador dos divinos mistérios: “a dignidade do episcopado e sua distinta posição na Igreja está fundada sobre esta plenitude de poder sagrado do qual é dotado” (LG 21). Daí brota que o ministério essencial é o da liturgia; não um ministério entre outros, mas a manifestação suprema do episcopado. É exercendo seu “sacerdócio supremo” que o Bispo “guarda na pureza a fé da Esposa de Deus, a Santa Igreja”. (Cf. Mons. Francesco Pio Tamborrino, o Bispo Santificador de seu povo).
10.A responsabilidade do Bispo na Igreja é enorme. Deve tutelar através do seu sagrado múnus a vida eclesial da Diocese sob grave pena de responder diante de Deus se vier a negligenciar sua missão. O grande trabalho do Bispo é cuidar do clero, da sua formação permanente e da formação objetiva dos futuros sacerdotes, os seminaristas. Como sentinela solicito deve vigiar o rebanho dos embates de satanás, hoje presente nos esquemas ideológicos que quer impor o silêncio aos pastores da Igreja através do politicamente correto. O relativismo e o ressurgimento de velhas heresias como o pelagianismo e o arianismo devem colocar em alerta o bispo que se quer católico e amoroso com a Igreja, esposa de Deus sob seus auspiciosos cuidados.
11.O bispo deve amar o povo e sobremaneira os padres, mas não necessita ele mesmo do amor do clero e de mais ninguém, senão o respeito de todos à sua autoridade e ao seu ofício. A eficácia do ministério dos presbíteros está intimamente ligada à efetiva comunhão com o bispo. O clero é a riqueza da Diocese. São os padres os imediatos colaboradores do Bispo no exercício de sua missão. O Bispo e seus padres devem vigiar diuturnamente o rebanho, sobretudo nestes tempos confusos que vivemos. Não é o mundo que dita as regras na Igreja e muito menos as ideologias. Quem dirige a Igreja é o Espírito do Ressuscitado e cabe a nós, legítimos pastores, aplicar a regra do discernimento e da vigilância constante.
12.O sacerdote, seja ele padre ou bispo, é chamado por Deus a ser o homem que vive em constante processo de aprofundamento de sua configuração ao Cristo pobre, casto e obediente. O foco principal da vida do cristão e especialmente do sacerdote é a santidade. O povo de Deus tem direito a contar com padres em estado de santidade e felizes no seu estado de vida. A vitalidade de uma Diocese se dá com a alegria dos sacerdotes que vencendo as barreiras de si mesmos se jogam nos braços do Bom Pastor a quem fomos configurados. Repito: nenhuma missão neste mundo é maior do que a nossa. Quão belo é o sacerdote autêntico que se deixa conduzir pelo Espírito de Deus, tornando-se ícone e epifania do Sumo e Eterno Sacerdote, Jesus Cristo.
13.O Papa São Pio X dizia: “Um padre santo faz o povo santo e um padre que não é santo, podemos chamá-lo não apenas de inútil, mas até de perigoso para o próximo”. E o Papa Pio XI confirma “Que imenso benefício é para o povo um sacerdote santo! Queríamos dizer que o próprio Deus não pode conceder benefício maior do que dar ao povo um sacerdote santo, um sacerdote segundo o coração de Deus…”. O modelo de todos os sacerdotes do mundo, O Santo Cura d’Ars, exemplo de sacerdote e de serviço a Santa Madre Igreja, repetia a seu bispo: “Se quererdes converter vossa diocese, será preciso tornar santos todos os vossos párocos”. A santidade do clero passa pelo amoroso e respeitoso convívio entre os padres, que se expressa no perdão, na dedicação e no cuidado de uns para com os outros, inclusive dos doentes e idosos. A unidade harmoniosa entre os membros do clero torna-se a Igreja mais eficaz na sua missão.
14.Nossa configuração a Cristo se expressa fortemente na vivência do amor de um coração indiviso que se expressa de forma vigorosa no nosso celibato que se resguarda na constante oração. O conjunto de nossa vida sacerdotal se alimenta, robustece e se fundamenta na força da Eucaristia, na alegre acolhida da Misericórdia e sob a certeza do olhar permanente da Virgem Imaculada sobre nós. Enfim, o sacrário, o confessionário e o rosário nos sustentam nesta bela missão de sermos os profetas do amor em meio a este mundo desnorteado que precisa ser fecundado com a verdade e a justiça de Cristo.
15.Nunca antes o mundo necessitou tanto de padres santos e felizes no seu ministério e na vivência autêntica do celibato. O que mais precisa nossas comunidades, inclusive as da grande região amazônica, é de sacerdotes celibatários felizes, bem formados e mestres na vida espiritual para levar as almas a Deus. O sacerdote não é um ativista social, um agente cultural ou outra realidade congênere; ao contrário, o sacerdote é a imagem de Cristo e a manifestação do grande amor de Deus por nós. A crítica que se tece contra o celibato sacerdotal e a favor da liberação do mesmo, bem como da ordenação de mulheres e outras mais, nascem do coração de quem já perdeu a visão espiritual da Igreja. A bolha de heresias na qual o mundo está imerso tem favorecido o desprezo pela Tradição da Igreja e pelo sobrenatural. O Papa Francisco reiteradas vezes tem-nos chamado a atenção contra essa visão da Igreja como ONG que nivela a mesma às realidades transitórias, sem aterem-se para sua dimensão de mistério e da sobrenaturalidade que constituem sua essência. Não sejamos surdos as palavras de Jesus no Capitulo 17 de João: “estamos no mundo, mas não somos do mundo”. A Igreja não é regida pela cultura, pelas ideologias, pela insensatez de quem não tem piedade ou por uma visão política vesga e caolha; não, ela é conduzida pelo Divino Espirito Santo, por ser ela o Corpo Místico de Cristo. As ventanias do modernismo, do neo paganismo e dos apressamentos ideológicos não a atingirão.
16.Conto com a costumeira generosidade do clero, dos religiosos e do Povo de Deus desta amada Diocese para que nossas ações sejam agradáveis a Deus e que possamos, na força do Divino Espírito Santo, dar a esta Diocese um renovado rosto de esperança, de alegria e de evangelização em comunhão com toda a Igreja e com nossa Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Façamos com esmeradas virtudes uma administração transparente dos bens eclesiásticos, com profundo respeito ao dízimo e às ofertas generosas dos fiéis. Não esqueçamos os pobres, os simples, os humildes, os sofredores, as famílias em dificuldades e os pecadores afastados que necessitam da misericórdia de Deus. É da essência da Igreja zelar dos que sofrem e dos que perderam a esperança.
17.O Santo Cura de d’Ars nos deixou um conselho monumental: “A mais bela profissão do homem é amar e rezar”. “Tudo pode ser mudado pelo poder da oração que nos suscita a amar sempre”. Conto com as orações de todos em favor de nosso ministério e da ação evangelizadora, catequética e pastoral que o Espirito de Deus irá fomentar no conjunto de nossas ações diocesanas colegiadas. Seremos, com a Graça Divina, uma Igreja FIEL A CRISTO, ACOLHEDORA, AMOROSA, SERVIDORA, MISSIONÁRIA E PROFÉTICA.
18.Que a Santíssima Virgem Maria, a Imaculada Conceição, nossa Excelsa Padroeira, interceda e acompanhe nossa amada Diocese de Formosa nos caminhos da unidade, do perdão, do amor e da esperança no Reino prometido. Amém!
Formosa-GO, 01 de junho de 2019