Encerramos o tempo pascal com a chegada da Festa da transmissão do Espírito Santo aos apóstolos, significando tempos novos na história da salvação. A missão de Jesus Cristo passa a ser confiada à Igreja, que se torna evangelizadora e defensora do Reino de Deus. Ela age assistida pelo Espírito do Senhor e tem a missão de anunciar a totalidade da Palavra de Deus no mundo.
Pentecostes foi uma marca privilegiada no trajeto da história salvífica. Começa aí o trabalho de ação evangelizadora da Igreja, porque ela se torna sinal e instrumento verdadeiro para elevar a vida das pessoas na busca da santidade. O medo dos apóstolos quando estavam reunidos, a portas fechadas no Cenáculo, significa a fragilidade da Igreja, porque ela é formada por pessoas humanas.
Ao entrar no Cenáculo para o encontro dos apóstolos, Jesus lhes conforta com o anúncio da paz, dizendo mais de uma vez: “a paz esteja convosco”, tenham coragem, “eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,20). Essa é a garantia e a força da Igreja, porque não caminha sozinha, mas amparada pelo próprio Cristo para não se perder no meio de tantas fragilidades das pessoas.
A Igreja tem a missão de enfrentar, no processo da evangelização, o egoísmo, as injustiças, as guerras e as violências que assolam a humanidade. Ela é um novo sopro divino e de paz para as novas gerações, principalmente para construir, no meio de tantos conflitos, a cultura da paz muito almejada por todos. Mesmo nas fraquezas do ser humano, o Espírito a faz ser agente de salvação.
A linguagem da Igreja é a da Palavra de Deus. Ela tem uma universalidade e quer atingir a todas as pessoas como agente de comunicação. Não pode correr o risco das “fake News”, das notícias falsas das redes sociais dos últimos tempos. A Sagrada Escritura é Palavra de Deus, inspirada e transmitida com a força do Espírito Santo, para transformar a prática de vida das pessoas.
Há uma riqueza impressionante e fecunda no agir da Igreja. Basta olhar para a diversidade de dons, carismas e ministérios. São serviços prestados gratuitamente à comunidade cristã formando um verdadeiro corpo eclesial, revelando o dinamismo do Espírito Santo para o bem de todos. Ação de inclusão e supõe capacidade de perdão e de reconhecimento do valor contido em cada pessoa humana.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba