Aquilo que falamos e acreditamos sobre a ressurreição de Jesus Cristo é um fato que depende de fé. A Páscoa é revitalizada com o testemunho, os gestos e o serviço dos cristãos, do seu sentir como Igreja, e sua proximidade com os demais, na construção de um mundo melhor. Verdadeiramente, a Páscoa é ação dinâmica em favor de uma vida ressuscitada e comprometida com a comunidade cristã.
No livro dos Atos dos Apóstolos encontramos comunidades unidas e comprometidas por acreditar nos ensinamentos de Jesus. Conseguiram compreender a dimensão da vida cristã e as implicações que isso causa na convivência fraterna. Inclusive partilhavam seus bens para que ninguém passasse necessidade. Isso significa que a partilha eleva a vida das pessoas e as tornam responsáveis por tudo.
Hoje temos inúmeras comunidades carentes, periféricas, às vezes desorganizadas, sem saneamento básico e sem assistência do poder público. O lixo fica pelas ruas e são totalmente desprovidas das condições de sobrevivência digna. Necessitam de um processo de ressurreição, de políticas públicas para mudar sua realidade e transformá-la num espaço de convivência fraterna.
A experiência de vida no Cristo ressuscitado provoca a partilha, porque as pessoas se sentem como verdadeiros irmãos e irmãs, corresponsáveis na vida comunitária. No encontro pessoal com Jesus Cristo ressuscitado e vivo, a pessoa reacende e irradia a força da ressurreição em sua vida e faz o processo da partilha com as outras pessoas que fazem parte do seu convívio.
O apóstolo Tomé, um dos doze, estava fora da comunidade dos discípulos quando Jesus lhes apareceu. Ele teve dificuldade para acreditar que Jesus tinha ressuscitado. O mesmo acontece com quem se isola, se fecha em seu próprio mundo, no individualismo e distante da vida comunitária. Para acreditar teve que tocar nas chagas de Jesus, mas isso aconteceu no contexto da comunidade reunida.
A fé vinda do batismo cria vínculo entre os cristãos, vínculo de fraternidade e de vida comunitária, porque ela faz circular o amor entre todos os que dizem amar a Deus. Viver a Páscoa é ser capaz de promover a vida dos irmãos, porque a centralidade de sua ação está fundamentada na ressurreição de Jesus Cristo. A morte foi superada pela prática dos compromissos e ações da vida cristã.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba e Administrador Apostólico da Diocese de Formosa