“Morrendo, destruiu a morte, e ressurgindo, deu-nos a vida”
Amados irmãos, diletas irmãs, ao celebrarmos esta noite santa da Páscoa do Senhor, tomamos parte num acontecimento único, inaudito, a vida que vence a morte. A morte de Nosso Senhor é o remédio para a nossa morte, pois “morrendo, destruiu a morte, e ressurgindo, deu-nos a vida”.
A paixão do Senhor destruiu este terrível inimigo, consequência do pecado, como nos relembra São Paulo: “Eis porque, como por meio de um só homem o pecado entrou no mundo e, pelo pecado, a morte, e assim a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5, 12). Mas o amor de Deus, manifestado em Nosso Senhor, sobretudo na sua paixão, é maior e mais forte do que a morte, por isso Nele temos vida para sempre.
De modo que, unidos a Cristo pelo batismo, participamos da sua morte e da sua ressurreição. Noutras palavras participamos da sua vitória sobre o pecado e a morte. A vitória de Cristo é também nossa vitória, sua vida é também a nossa vida, sua glória é também nossa.
Nosso Senhor ao ser crucificado destruiu o que nos destrói o pecado e a morte. Assim permanecer no domínio de Cristo é permanecer no domínio da vida que permanece para sempre. Afastar-se de Cristo, dos seus mandamentos, da sua graça é entrar no domínio da morte.
Certo que ainda temos que passar pela dramática experiência da morte corporal, mas não podemos nos esquecer que, assim como a humanidade de Nosso Senhor foi glorificada na sua ressurreição, também nosso corpo está destinado à ressurreição no último dia para participar da glória dos céus. No seu mistério pascal o Senhor deu-nos a vitória sobre a morte e nos concedeu o dom da vida nova.
Os sinais desta vida nova já se manifestam aqui neste mundo na vida daqueles que testemunham o Senhor ressuscitado através do amor, da verdade, da partilha, da fidelidade a Deus e aos seus mandamentos. Embora a nossa história presente seja marcada por tanto sinais de morte, precisamos como discípulos do Senhor, fazer ecoar sobre esta terra a boa nova: “Morrendo, destruiu a morte, e ressurgindo, deu-nos a vida”.
Anunciamos esta boa nova ao mundo cada vez que rejeitamos o mal, o pecado, a violência. Quando nos colocamos ao lado da vida em todas as circunstâncias, quando vemos Cristo em cada pessoa que sofre e que precisa da nossa ajuda, da nossa oração, do nosso testemunho cristão.
Não nos deixemos amedrontar pelas ciladas do mau, pelos sofrimentos, pelas perseguições, pelo desalento. Esta foi a recomendação dos anjos, arautos do Ressuscitado, às mulheres na manhã do domingo de páscoa: “Não tenhais medo!”. O mesmo Jesus também se dirige a elas: “Não tenhais medo. Ide anunciar aos meus irmãos que se dirijam para a Galieia” (Mt 28, 10).
Se por um lado temos muitas coisas que nos amedrontam neste mundo, temos uma única boa notícia que nos alegra, que nos dá esperança: “Cristo ressuscitou verdadeiramente aleluia!” E vive entre nós. Por isso dizemos que a Igreja é a Igreja do Deus vivo, a comunidade daqueles que receberam a vida nova do batismo. Uma santa e abençoada páscoa para todos!
Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF
Leituras: Rm 6, 3 – 11
Evangelho: Mt 28, 1-10/Jo 20, 1-9