Cristo, o Filho do Deus vivo, vive e opera na sua Igreja em favor da salvação dos homens
Celebrar a Solenidade dos Santos apóstolos Pedro e Paulo é beber na fonte da fé cristã sem adulterações, é voltar às origens apostólicas da Igreja Católica como ela foi querida e fundada por Nosso Senhor. Pedro, pastor universal da Igreja, Paulo, o apóstolo das gentes.
São Pedro é aquele a quem o Pai concedeu nos dizer quem é Cristo: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo” (Mt 16, 16). Assim é, somente a Igreja, inspirada pelo Pai, através dos seus legítimos pastores, é que pode nos dar a conhecer o verdadeiro rosto de Cristo, sem falseamentos e reduções. Daí a antiquíssima Profissão de fé da Igreja: “Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai”.
O pai revelou Cristo à Pedro e lhe confiou o pastoreio da Igreja, para que esta pudesse nos revelar quem é Cristo. Sem a Igreja, fundada na sucessão apostólica, não conheceríamos nosso Senhor, não teríamos acesso a Ele, seja por meio dos sacramentos e da sua palavra.
Podemos, pois, dizer, sem erro, que Cristo, o Filho do Deus vivo, vive e opera na sua Igreja em favor da salvação dos homens. Por mais que as forças infernais se levantem contra a Igreja, seja através dos escândalos, traições e pecados dos seus filhos, seja através dos ataques dos seus inimigos, a Igreja subsistirá, porque está inseparavelmente unida ao Seu Senhor, que lhe dá devida solidez e vigor espiritual.
O poder das chaves confiado a Pedro é o garante da verdade que a Igreja conserva e proclama fielmente, é o garante do poder de perdoar e santificar que a Igreja tem através dos seus sacerdotes que agem in persona Christi capitis. O poder sagrado da Igreja e dos seus pastores não lhe é próprio, é o poder salvador de Nosso Senhor que atua nela e através dos seus ministros. Entre os quais Pedro (o papa) ocupa o primeiro lugar, como continuador do ministério petrino, garante da comunhão na Igreja e da manutenção da autêntica fé cristã.
Não menos importante é o apóstolo São Paulo de quem a Igreja herdou uma compreensão cristalina e sólida da fé cristã. A ele bem se casa o título de combatente da fé, como ele próprio confessa: “Combati o bom combate…” (IITm 4, 6). Um combate travado não com as armas deste mundo, mas com a armadura da fé. Foi apoiado na fé e na graça de Deus que São Paulo abalou o mundo do seu tempo com o vigor do seu testemunho e a eficácia da sua pregação.
Depois de ter encontrado o Senhor no caminho de Damasco, nunca mais voltou atrás, antes, como ele confessa: “completei a corrida…”, conquistou o Céu, perseverou em Cristo até o fim. Abriu mão dos privilégios desta vida, os quais tinha com abundância, para gastar sua vida, qual atleta de Cristo, para conquistar a coroa da glória, não somente para si, mas também para muitos irmãos, como ouvimos da sua boca: “Para os fracos, fiz-me fraco, a fim de ganhar os fracos. Tornei-me tudo para todos, a fim de salvar alguns a todo custo” (ICor 9, 22- 23).
O Apóstolo das gentes confessa ainda: “Guardei a fé”, as forças sedutoras e opressivas deste mundo não foram capazes de sufocar a sua fé, nem os açoites, perseguições, nem o martírio. Seguindo seu exemplo não permitamos que nossa fé seja sufocada pelo delírio das ideologias nefastas, pela escravidão do pecado, pelas seduções e opressões do mundo. Quantos em nosso tempo que vão percorrendo um caminho inverso, abraçando e afagando o mundo e rejeitando a fé. Rejeitar a fé é abandonar a vida em Cristo.
Por fim, São Pedro professou a fé: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”; São Paulo guardou a fé: “guardei a fé”, no sentido que a conservou até o fim da sua vida, dela deu testemunho. Eis o que o Senhor espera de nós até fim das nossas vidas, que professemos a fé a guardemos até as últimas consequências, porque é Dele que nos vem a salvação.
Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF
Leituras: At 12, 1-11/ Sl 33 (34)/ IITm 4, 6-8
Evangelho: Mt 16, 13 -19