Sexta-feira da XVII Semana do Tempo Comum
Evangelho – Mateus 13,54-58
A sabedoria na formação da consciência
No Evangelho de São Mateus tem-se esta passagem que põem em questionamento a sabedoria de Jesus Cristo: “De onde lhe vem essa sabedoria e esses milagres?” (Mt 13, 54). Para nossa reflexão vamos ver o que significa “a formação da consciência” e depois confrontaremos com dois textos bíblicos que falam da sabedoria nos discernimento das coisas sagradas.
Como a consciência aplica a norma objetiva — a Lei Moral — às circunstâncias e aos casos particulares, facilmente se deduz a obrigação indeclinável que o homem tem de formar a sua própria consciência. Na formação da consciência, a Palavra de Deus é a luz de nosso caminho; é preciso que a assimilemos na fé e na oração e a ponhamos em prática (CEC § 1785).
A consciência é susceptível de melhoramento contínuo (cf. CEC § 1784), o qual é proporcional ao progresso da inteligência: se esta pode progredir no conhecimento da verdade, também poderão ser mais retos os juízos morais que faça.
No Catecismo da Igreja Católica está expresso que, “a consciência deve ser educada e o juízo moral, esclarecido. Uma consciência bem formada é reta e verídica. Formula seus julgamentos seguindo a razão, de acordo com o bem verdadeiro querido pela sabedoria do Criador” (CEC § 1783). A partir desta sabedoria do Criador podemos ver dois confrontos bíblicos onde a sabedoria consciente foi necessária.
Primeiro confronto bíblico. A sabedoria bem formada sabe discernir o que realmente uma comunidade necessita. Por isso, ao multiplicar-se o número de discípulos, os apóstolos se viram logo assoberbados por suas tarefas pastorais, de ordem espiritual e material, então tiveram que ser sábios, escolhendo “varões cheios de Espírito e de Sabedoria” (At 6, 3-6) para esse serviço material, o qual fora realizado primeiro pelos próprios apóstolos e depois pelos “Presbíteros” de Jerusalém. Este grupo deveria constar de “sete varões”. O número ‘sete’, além de ser símbolo de perfeição e plenitude, evoca a equipe de governo e administração de cada cidade que, segundo Flávio José, constava de sete Juízes. Os ‘sete’ constituíram, pois, uma organização judeu-helenista paralela à dos judeu-hebreus e teve por meta assumir a responsabilidade material e espiritual cristã dos helenistas.
Segundo Confronto bíblico. No relato sobre Filipe, o Evangelizador, At 8, 26-40, temos: Filipe, “Varão cheio do Espírito e de sabedoria” é um instrumento dócil do Espírito. Parece encontrar-se em Jerusalém. O Anjo do Senhor lhe ordena que tome o caminho de Gaza. Alcança um ministro etíope, sentado em seu carro; estava lendo o profeta Isaías. É cântico de Javé: “Foi levado como uma ovelha ao matadouro; e como um cordeiro, mudo diante daquele que o tosquia, assim ele não abre a boca”. Em sua humilhação foi-lhe negada justiça; quem poderá contar sua descendência? “Porque sua vida foi arrancada da terra” (53,7-8).
É necessário, portanto, que o homem se vá tornando capaz de emitir juízos verdadeiros e certos (cf. CEC § 1786). Para ter consciência verdadeira e certa, necessitamos de formação: conhecimento cabal e profundo da lei — certeza objetiva — que nos permitirá depois aplicá-la corretamente — certeza subjetiva. Assim, sem uma consciência verdadeira, não é possível a retidão na vida e, por conseguinte, é impossível alcançar o nosso fim último.
Em síntese, para o homem ter sabedoria na formação da consciência e agir segundo “uma ‘boa consciência’ (1Tm 1,5), segundo a Carta Encíclica ‘Veritatis Splendor’, deve procurar a verdade e julgar segundo esta mesma verdade” (VS, n. 62). Deste modo, a sabedoria de Jesus, questionada por aqueles que ficaram admirados, vem “pela sabedoria do Criador” (CEC § 1783). Sejamos também nós sábios buscando formar nossa consciência segundo a sabedoria divina.