Quarta-feira da 4ª Semana do Tempo Comum
Memória de Santa Águeda, Mártir.
Evangelho – Marcos 6,1-6
“E ali não pôde fazer milagre algum. Apenas curou alguns doentes, impondo-lhes as mãos. E admirou-se com a falta de fé deles”. (Mc 6, 5-6a)
Hoje celebramos a memória de Santa Águeda, uma mártir que é para todos nós modelo de fé e amor a Jesus Cristo. Embora sendo de família muito rica, não se apegou às riquezas deste mundo e desde jovem, consagrou a sua vida a Cristo; sempre ajudando os mais pobres e procurando uma vida de constante oração. E isso lhe causava a verdadeira felicidade. Porém, sua entrega total a Deus causou estranheza e falta de aceitação em muitos. Nos dias de hoje buscar uma vida simples e desapegada dos bens transitórios e dos “status” continua causando admiração. Temos que ter cuidado com as seduções deste mundo e a enganação do maligno. Jesus foi causa de admiração para muitos dos seus conterrâneos, pois grande era Sua sabedoria e realizava muitos milagres. A falta de aceitação ainda existe entre nós: dentro da Igreja, no Clero, nos movimentos e pastorais, nas famílias, nos locais de trabalho e tantos outros lugares. Que triste!
Observamos hoje no Santo Evangelho que para as grandes autoridades religiosas do tempo de Jesus, o Messias não poderia nascer numa pequena aldeia e muito menos ser filho de um carpinteiro, mas que deveria ter um enorme poder, palácio, corte e um numeroso exército. No entanto, Jesus era totalmente o contrário do que eles esperavam; Jesus veio na pobreza e simplicidade; não tinha onde reclinar a cabeça; não tinha exército e sim um grupo de humildes discípulos; não gostava de elogios; buscava apenas fazer o bem e realizar a vontade do Pai. Será se nós vivemos a pobreza, a humildade e a obediência de Jesus?
Em Sua terra natal Jesus não operou muitos milagres, devido a falta de fé dos Seus compatriotas. Aqui entramos na centralidade da nossa reflexão: A falta de fé. Por isso, pergunte-se a si mesmo hoje: Eu creio firmemente em Jesus e me entrego totalmente à vontade do Pai? Santa Teresa D’Ávila nos ensina: “Creia sempre que Jesus realiza milagres”. Você acredita nisso ou ainda está com o coração duro como aqueles que estavam com Jesus na sinagoga? Ontem Jesus nos exortou no Evangelho: “Não tenhas medo. Basta ter fé!”. A mulher hemorroíssa foi curada pela fé ao tocar no manto de Jesus. A filha de Jairo levantou do sono da morte graças à fé. Qual é a cura que você precisa hoje e de que morte precisa se levantar? Corra ao encontro de Jesus com FÉ!
O Catecismo da Igreja Católica (§150) nos exorta: “A fé é primeiro uma adesão pessoal do homem a Deus. Ao mesmo tempo e inseparavelmente, é o assentimento livre a toda a verdade que Deus revelou”. Precisamos viver a cada dia a nossa fé em Deus e deixar que Ele realize milagres e prodígios em nossas vidas através de Seu Filho Jesus, que veio ao mundo para nossa salvação. Qual é o milagre que você precisa alcançar hoje em sua vida? Mas você tem fé que Jesus pode realizar esse milagre ou ainda vive como os compatriotas de Jesus que se admiravam de Sua sabedoria e de Seus feitos, porém, estavam com o coração fechado à graça de Deus?
Santo Agostinho nos ensina que: “Ter fé é assinar uma folha em branco e deixar que Deus nela escreva o que quiser”. Oxalá, tivéssemos essa entrega total a Deus a ponto de deixar que Ele realize plenamente a Sua vontade em nossa vida como fez Santa Águeda. Sofreu grandes tormentos por conta de sua fé em Jesus Cristo, mas não se entregou à vontade do Imperador Trajanus e do Cônsul Quinciano que a desejava como esposa. Permanecendo firme em seu propósito de consagração e não renegando sua fé, a bela jovem sofreu grandes torturas com ferro e fogo. Esticaram seu puro e casto corpo na roda, foi cruelmente açoitada, recebeu marcas de ferro em brasa. Vendo que diante de cruéis tormentos a donzela não negava a fé em Cristo, Quinciano mandou arrancar cruelmente os seios de Santa Águeda e depois foi lançada no calabouço. Diante de todo sofrimento permaneceu firme na fé e não titubeou. Será se somos capazes de permanecermos firmes diante das dificuldades e tribulações da vida?
Que a Palavra de Deus apresentada a nós hoje nos faça crescer na fé e no amor a Jesus Cristo a exemplo da Mártir Santa Águeda que exclamou no seu derradeiro momento ao seu cruel torturador: “Vê e reconhece a onipotência de Deus, a Quem adoro. Foi Ele Quem curou minhas feridas e me restituiu os seios. Como podes exigir de mim que O abandone? Não poderá haver tortura, por mais cruel que seja, que me separe do meu Deus!” . Aproximemo-nos de Deus pela fé e receberemos então o prêmio da Vida Eterna. Assim seja!
Padre Carlos de Souza Neves
Pároco da Paróquia São João Batista
Divinópolis de Goiás
Leituras: 2Sm 24,2.9-1717 / Sl 31 (32)
Evangelho: Mc 6,1-6