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sábado, 27 abril, 2024 - 07:06 AM

III Domingo do advento

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Estai sempre alegres! Rezai sem cessar” (Its 5, 16)

Esta dupla exortação de São Paulo nos faz pensar sobre a relação que existe entre a alegria e a oração na vida cristã. Normalmente, no contexto cultural secular, pagão, tanto do passado quanto do presente, a alegria é tantas vezes confundida com euforia ou como resultado do bem-estar material, a satisfação dos prazeres imediatos, o sucesso, a fama, o entretenimento excessivo. O que se difere essencialmente da alegria na compreensão cristã, cuja razão de ser é a presença de Deus em nós e junto a nós. O que fica evidenciado na anunciação do anjo à Virgem Maria: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” (Lc 1, 28).

Sendo a presença de Deus a razão da alegria dos fiéis, podemos dizer que o natal é a festa da máxima alegria, pois nos coloca diante do mistério da encarnação do Verbo, o Emanuel – Deus conosco. Também a eucaristia é evento de verdadeira alegria, porque é presença real de Cristo, em corpo, alma de divindade, ponto máximo da oração cristã.

De modo que a alegria dos cristãos não reside no vai e vem da vida, não depende do bem-estar material, social ou econômico, ela resulta da presença constante, consoladora, salvadora, redentora e misericordiosa de Cristo entre nós. Ele está presente nas crises, na calmaria, no sofrimento, na alegria, na tristeza, na saúde e na enfermidade.

Entramos em comunhão com esta presença constante e salvadora do Senhor através da oração. Também através da oração expressamos de modo autêntico a alegria desta presença. Portanto, alegria e oração andam juntas no itinerário de vida e de fé dos fiéis cristãos. Trata-se de uma alegria salvadora, da alegria de ser salvo. Ou seja, no meio das incertezas da vida, temos uma certeza em Cristo fomos salvos.

Disto decorre que a maior de todas as alegrias é a de ser salvo em Cristo e por Cristo. É isto que celebramos na Divina liturgia da Igreja, na qual temos acesso ao mistério de Cristo salvador, Ele é nossa salvação, Ele é nossa alegria. Como foi a alegria da Virgem Maria, de São José, dos pastores e dos anjos no silêncio da noite de natal.

É significativo que a Alegria dos homens – Jesus, Nosso Senhor – tenha vindo ao mundo na escuridão da noite. Para nos dizer que trevas, crise, pobreza, perseguição ou sofrimento algum podem sufocar a alegria dos que reconhecem que Ele habita entre nós.

Na sua carta Spe Salvi (somos salvos pela esperança), o Papa Bento XVI nos diz que a oração é um dos lugares do exercício da esperança. Ao que podemos completar dizendo que a oração é um dos lugares do exercício da alegria cristã.

Aqui está um caminho seguro para vencermos o marasmo de um mundo depressivo, triste, desanimado: “Estai sempre alegres! Rezai sem cessar” (ITs 5, 16). A oração constante, humilde, simples é um salutar remédio para curar a dura enfermidade da tristeza que vem se abatendo sobre o mundo.

Oxalá se multiplicassem em nossas igrejas, capelas e oratórios, momentos de oração constante, sem cessar, seja a nível pessoal ou comunitário. Oxalá os fiéis se reunissem para meditar o Santo Rosário, o terço da misericórdia, para orar com a Salmodia (laudes, vésperas, completas), para meditar e partilhar a Palavra de Deus, para participar com fervor e zelo da Santa Missa. Além de fazer que a oração preceda e acompanhe todas as nossas atividades terrenas.

Em matéria de oração a Igreja tem um acervo grandioso, riquíssimo e inigualável. Pena que desconhecido pela grande maioria dos católicos, entre os quais muitos perdem seu tempo correndo atrás de meditações orientais, ioga, horóscopo, curandeiros, pastores e padres milagreiros e espetaculares que prometem cura e prosperidade. Práticas estranhas e contrárias à fé cristã que desembocam no nada e na impessoalidade. Enquanto que a oração cristã promove a comunhão entre nós e nos coloca em comunhão com Aquele que habita entre nós – Jesus, Nosso Senhor, nossa Alegria e nossa salvação.

Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF


Leituras: Is 61, 1-2ª.10-11/ Lc 1, 46-48 …/ Its 5, 16 -24
Evangelho: Jo 1, 6-8.19-28

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