Sexta-feira da XXXII Semana do Tempo Comum
Evangelho – Lucas 17,26-37

A Morte, a suplantação da Vida em benefício da Alma

“…fez morrer todos” (cf. Lc 17,26-37)

A morte para nós deve ser uma realidade presente, mas não com a presença na vida. É decisivo: marca um destino eterno: a finalidade de todos os homens. Ouso, porém, questionar a vida com as palavras de Fulton Sheen: “Que adianta viver, quando se desconhece a finalidade de ser homem?” Com isso se “duvida de que valha a pena viver, mesmo na abundância” de carência de sentido! Deste modo, a alma anseia a morte do homem?

Santa Faustina dizia: “reze pelos agonizantes!”, contudo, por outro lado, Santa Terezinha tinha o hábito de rezar por aqueles que morreriam no “hoje”. O “agora” é o que importa, nos importa a vida. O futuro é incerto, mas o máximo do nosso agora é estar presente em Deus ao passo que não sabemos ainda quanto tempo teremos para continuar com o nosso Deus.

Para Fulton Sheen “O homem moderno quer reaver sua alma!” Porém, o Salmo 142 diz que a alma anseia pelo senhor: “Minha alma tem sede de vós, como a terra sedenta e sem água” (Sl 142, 6). Todavia, Sheen segue dizendo que “Em palavras simples, todos eles querem reaver suas almas; ser de novo um todo!” Mesmo porque “Querem possuir aquilo que os torna humanos, que dá sentido à política, à economia, à psicologia, à sociologia; a saber, uma alma”.

Questiona o professor Hocking, de Harvard: “Ouço falar por toda a parte em liberdade, porém como conseguirei ser livre a menos que tenha alma?” O mesmo responde: “Mas a sociedade de nada me pode valer, pois está na mesma confusão que eu. Ela é formada de milhões de almas tão frustradas quanto a minha. Não sou animal, ou uma libido, ou um proletariado, ou um átomo; sou qualquer coisa de diferente, de mais e de maior do que tudo isso. E quero ser mais! Quero reaver minha alma!”.

Contudo adverte o Venerável Sheen, “Para recuperar nossas almas, temos que fazer ouvidos moucos a esse falatório sobre a natureza do homem, com que nos empanturram no decorrer do século passado”.

O advogado e político americano de Massachusetts, Richard Henry Dana Jr. (1 de agosto de 1815 – 6 de janeiro de 1882) modera: “É prerrogativa da alma e sua sina moldar as aparências à sua própria feição. Se ela é justa, tudo em volta está bem; se o não é, tudo referve como o inferno, e assim multiplica a alma alegria e dores, abandona-se e resgatando-se”.

Voltemos uma vez mais ao Dom Fulton Sheen pois com grande determinação ele aponta: “hão de recuperar a alma. Por entre ferimentos mortais, fogo e metralha, hão de acercar-se do significado da vida, daquilo que no seu íntimo, faz com que sejam homens. Recobrar nossas almas exige de nós duas coisas: dar as costas, por completo, ao modo de pensar de hoje e volver ao Divino Criador, que nos fez e só ele nos pode dizer o que somos”.

O amor é que conclui a vida. Nossa alma vai se aproximando do amor. Nossa alma pede nossa vida para que ela continue amando-a. A morte é querer amar mais ainda. Que nossa alma deseja este amor, temos certeza. Nossa alma quer que nossa vida caiba mais amor, porém tão frágil que é, busca a morte para poder continuar amando. Por fim, o fundador da Prelazia Opus Dei, São Josemaria Escrivá sintetiza: “Para quem quer em tudo dar glória a Deus, a morte é apenas um detalhe”. Um detalhe que suplanta a vida em benefício da alma.

Pe. Joacir S. d’Abadia
Pároco da Paróquia São José e Adm. da Paróquia Santa Luzia
Formosa-GO