Ser amigo de Deus implica na adesão a Nosso Senhor Jesus Cristo pela fé

Como peregrinos neste mundo temos apenas dois caminhos diante de nós, o da amizade para com Deus ou o da inimizade para com Ele. Ser amigo de Deus implica na adesão a Nosso Senhor Jesus Cristo pela fé. Pois crer é responder ao Deus que se revela e às suas promessas. Crer é entrar em aliança com Deus no Mistério da morte e ressurreição do Seu Filho, para participar da glória da sua ressurreição.

Esta aliança, esta amizade, de vida e salvação, selada no sangue de Jesus, requer que seja manifestada na oração quotidiana. É próprio dos amigos gastarem tempo conversando entre si. Por isso, os amigos de Deus gastam tempo com a oração, porque que esta é a resposta do homem à sua fidelidade.

Quem já experimentou a alegria de ser de Deus, de pertencer a Ele, de servi-Lo, não quer nunca se afastar da sua santa presença. À exemplo de São Pedro, que depois de ter visto a glória do Senhor se expressa: “Mestre, é bom estarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias” (Lc 9,33).

Armar tenda para o Senhor é abrir espaço em nosso coração, em nossa alma, em nossa vida, para que aí Nosso Senhor possa fazer morada. Este mesmo Cristo que manifestou a sua glória à Pedro, João e Tiago, no alto da montanha, se encontra entre nós, na Eucaristia, ponto alto da sua presença. Também podemos encontrá-Lo nos demais sacramentos, na sua Palavra, na sua Igreja, nos pobres e sofredores.

De modo que, se queremos estar com o Senhor podemos. Daí a urgente necessidade de valorizar a Santa Missa, sobretudo no domingo. De valorizar a presença eucarística do Senhor, em corpo, alma e divindade nos momentos de adoração, de modo privilegiado, nas quintas-feiras, durante a exposição do Santíssimo sacramento. Amigos de Deus gastam sua vida com o seu Senhor, investem o seu tempo para a maior glória de Deus. Quem age de modo contrário, embora ostente o nome de cristão, não passa de um inimigo da cruz de Cristo.

Na carta aos Filipenses, já no seu tempo, São Paulo denunciava: “há muitos por aí que se comportam como inimigos da cruz de Cristo” (Fl 3,18). Ainda hoje, há muitos que se comportam como inimigos da Cruz do Senhor, inimigos do mistério da sua morte e ressurreição. Estes ignoram que, desprezar a Cristo e o mistério da sua paixão, é desprezar a salvação. Pois sem a participação neste mistério, pela fé, ninguém pode chegar à glória da ressurreição.

Em seguida São Paulo aponta alguns dos sinais da inimizade para com o Senhor: “O fim deles é a perdição, o deus deles é o estômago” (v. 19). O perigo da gula que, aos poucos conduz o homem à completa insensibilidade para com as coisas do espírito e para com a necessidade do próximo. Quantos que somente pensam em encher seus estômagos de comida, quando a alma encontra-se completamente esfomeada, porque não é alimentada com a graça de Deus, com o pão da vida. Quantos cristãos que somente valorizam a mesa do pão material, mas desprezam e desconhecem a mesa do pão da vida!?

A glória dos inimigos de Deus “está no que é vergonhoso e só pensam nas coisas terrenas” (Fl 3,19). Quantos que se gloriam dos seus pecados, fazendo dos mesmos bandeira de guerra ideológica. Como acontece em nossos tempos com a vergonhosa imposição de uma subcultura homossexual, do assassinato de crianças mediante o aborto, do cinismo da guerra, da corrupção política. Quantos se gloriam das modas vulgares, que exploram a sensualidade arrastando muitas pessoas para a ruína.

Quantos se gloriam da sua violência, ou que ostentam seus pecados como se fossem um modelo de vida. Se esquecem que o pecado será sempre um caminho de morte. Para estes inimigos de Deus, que só pensam nas coisas terrenas, existe apenas uma única preocupação: comer, beber, pecar, curtir, acumular, consumir, divertir-se. Vivem como se Deus não existisse. Estes preparam seu corpo para a corrupção eterna.

Mas para os que confiam no mistério da cruz do Senhor e se abrem à graça da amizade para com Deus, estes preparam seu corpo para a glória da ressurreição futura, na qual “Ele transformará o nosso corpo humilhado e o tornará semelhante ao seu corpo glorioso, com o poder que tem de sujeitar a si todas as coisas” (Fl 3,21). É esta glória que esperamos pela fé, foi esta glória que Jesus nos deu a conhecer no mistério da sua transfiguração.

Pe. Hélio Cordeiro dos Santos
Formador do seminário maior N. S. de Fátima
Brasília – DF


Leituras: Gn 15,5-12.17-18 / Sl 26 (27) / Fl 3,17-4,1
Evangelho: Lucas 9,28b-36